Nutrição em Vila Nova de Gaia: “Um exemplo a nível nacional” 91

Em Portugal, a progressiva intervenção e consolidação dos nutricionistas na ação diária das autarquias tem sido visível, e a Câmara Municipal de Gaia é um bom reflexo disso. Independentemente do departamento de trabalho, o papel major do nutricionista, alinhado com a estratégia global do município, é intervir na promoção da saúde e da qualidade de vida da população.

O trabalho desenvolvido pela equipa de nutricionistas da Câmara Municipal de Gaia, que no passado organizou uma edição do Congresso Português de Alimentação e Autarquias, é muitas vezes elogiado por colegas de outros municípios e não só, sendo descrito como “um exemplo a nível nacional”.

A VIVER SAUDÁVEL conversou com vários nutricionistas de Gaia para saber mais sobre os métodos de trabalho e especificidades nutricionais e alimentares do terceiro município mais populoso do país.

Para Joana Sofia Santos, os elogios são “um valioso incentivo para continuarmos a fortalecer o papel dos nutricionistas na comunidade”. Daniela Oliveira Dias alinha pelo mesmo discurso: “Fico muito feliz com esse feedback e por fazer parte deste grupo de profissionais. É bom ver reconhecido o trabalho que fazemos diariamente e perceber que nos dão a oportunidade de sermos pioneiros em diversas áreas da nutrição”.

Não escondendo a sua felicidade pelo reconhecimento externo, Bárbara Camarinha admite que “sentimos a responsabilidade de fazer sempre mais e melhor, também porque temos consciência disso mesmo, que somos como que um ‘farol’ para muitos colegas e municípios”. “Embora reconheça os avanços alcançados”, Joana Sofia Santos entende que “ainda temos muito caminho para desbravar”. “Estamos comprometidos em expandir o impacto do nosso trabalho e promover uma melhor saúde para todos os gaienses”, sublinha.

Desafios e oportunidades 

Questionada sobre os grandes desafios que se colocam aos nutricionistas que exercem atividade nos municípios, Bárbara Camarinha menciona que um deles passa por “alargar o nosso espetro de atuação”, algo que, atesta, “já está a acontecer em algumas autarquias, das quais a nossa é um exemplo”. De facto, existem muitos mais domínios que beneficiarão com a atuação destes profissionais de saúde.

Daniela Oliveira Dias certifica que o maior desafio que sente, neste momento, “é a quantidade de atividades e áreas de atuação que existem ainda por trabalhar”, certa de que “será algo que com o tempo conseguiremos alcançar, uma vez que existe abertura para o desenvolvimento de projetos e uma resposta e aceitação muito boa por parte dos trabalhadores municipais”.

Bárbara Camarinha (à esquerda), numa reunião do  grupo de nutricionistas do Departamento de Educação. Créditos: C.M. Vila Nova de Gaia

Entre as grandes oportunidades, Bárbara Camarinha destaca “o avolumar de competências que as autarquias têm vindo a receber na área da saúde, da educação e da alimentação. E também o facto de através da nossa atuação conseguirmos chegar ‘facilmente’ a uma larga faixa da população, possibilitando a implementação de políticas municipais transversais”.

Atuar em mais frentes 

Apesar de Gaia ser um dos concelhos do país que mais nutricionistas emprega, Joana Sofia Santos assume que “temos consciência que esse número ainda é insuficiente”. A interveniente acredita que “a importância do nosso trabalho já foi comprovada, pela tendência crescente da aposta do município nesta área, que espero que se mantenha, possibilitando a atuação do nutricionista em cada vez mais frentes”.

No quadro global, Bárbara Camarinha confirma que são necessários mais nutricionistas nas autarquias, no entanto, olhando para trás, considera que “o caminho tem sido muito positivo”. “Lembro-me que quando ingressei na Câmara Municipal de Gaia era frequentemente confrontada com questões como: ‘O que faz um nutricionista?’; ‘Um nutricionista na Câmara, para quê?’. Nos dias de hoje, as questões já são bem diferentes, felizmente!”, ilustra. Numa análise realista, “mesmo que desejável, especialmente para atuar em outras áreas do domínio das autarquias”, a contratação de mais nutricionistas num futuro próximo “não é expetável, pelo menos nas condições atuais”. Assim, entre os desejos realizáveis para os próximos tempos, referencia “a possibilidade de implementação de alguns projetos que estão guardados na gaveta à espera do momento oportuno para serem postos em prática”.

Reconhecendo que “há sempre muito por fazer, por força da evolução do conhecimento, dos ambientes e das necessidades da população”, Bárbara Camarinha antevê o futuro dos nutricionistas nas autarquias com “otimismo, mas muito, muito trabalho!”. “O futuro somos nós que o desenhamos, pelo que depende da nossa entrega, mesmo que em alguns momentos seja necessário ‘abrandar'”, aponta.

Em jeito de mensagem final para todos os colegas de profissão, a nutricionista refere que “a melhor mensagem será o testemunho de resiliência, em que se demonstra que com paixão e rigor científico é possível implementar e desenvolver atividades e um projeto a longo prazo, com reconhecido benefício para a saúde da nossa população”.

“Promover uma melhor saúde para todos os gaienses” é um dos artigos especiais da última edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de setembro e outubro, já disponível. Leia a reportagem completa na Revista dos Nutricionistas.