Nutrição comparticipada: ON quer compromisso legislativo 2150

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas (ON), Liliana Sousa, defende a comparticipação de nutrição entérica e parentérica em regime de ambulatório e considera “pertinente que se dê um sinal firme de compromisso”.

Em comunicado, assinado pela bastonária, a ON defende a comparticipação “como forma de combate à desnutrição, suas implicações para a saúde e consequências económicas para o país”. E considera “urgente a materialização da comparticipação, permitindo assim cuidados de saúde acessíveis a toda a população, não marginalizando os cidadãos com menos recursos a uma condição desigual”.

Perante a abertura demonstrada pelos partidos políticos em comparticipar nutrição entérica para doentes de Crohn, entre outros projetos legislativos, a ON “considera pertinente que se dê um sinal firme de compromisso com as melhores práticas internacionais, colocando-se ao lado da aprovação de um diploma o mais abrangente possível, julgando igualmente que este é o momento certo para o efeito”.

Neste cenário, torna-se “fundamental a melhoria dos cuidados nutricionais disponíveis, garantindo a intervenção nutricional precoce e efetiva dos doentes em risco nutricional ou desnutridos”. Através de um acompanhamento “individualizado e minimizando os efeitos nefastos da desnutrição”.

Cuidados nutricionais “são um direito”

A Associação Pública Profissional destaca a desnutrição enquanto “problema grave, complexo e altamente dispendioso para a economia e para a saúde de um país”. Prevenir este estado evita “sofrimento, diminui tempos de internamento, contribui favoravelmente para o tratamento da doença aguda e o controlo da doença crónica e tem um impacto significativo na diminuição da morbilidade e mortalidade da população”.

Quando a desnutrição se instala, lembra Liliana Sousa, “o seu tratamento deve ser precoce e efetivo, apoiado numa base de diagnóstico e identificação, que permita dirigir a terapêutica nutricional às causas e aos objetivos delineados para cada situação particular”.

Porque “os cuidados nutricionais são um direito, que deve ser reconhecido de uma forma urgente e responsável”, é importante a sua integração “como parte do tratamento e da terapêutica instituídos”, para assim evitar custos associados para o Serviço Nacional de Saúde.

Finalmente, a bastonária reconhece passos relevantes, como o “reconhecimento da identificação precoce do risco nutricional como fator fundamental numa estratégia de ganhos em saúde”, mas lembra que “a capacidade instalada de nutricionistas no terreno é limitada em todos os níveis de cuidado, constituindo um obstáculo importante à sua implementação rápida e eficaz”.

Partidos unânimes na comparticipação de nutrição para doentes de Crohn

Os produtos de nutrição entérica e parentérica são “fundamentais para o tratamento de carências nutricionais instaladas”, entre as quais a anorexia, a obstrução do esófago ou as doenças inflamatórias do intestino.