A Ordem dos Nutricionistas apoia a adoção em Portugal do sistema de rotulagem nutricional simplificado ‘Nutri-Score’ como medida de saúde pública de promoção da alimentação saudável desde que acompanhada de campanhas de promoção da saúde e literacia alimentar.
“A implementação de qualquer modelo de rotulagem nutricional, para ser bem sucedida, deve ser sempre acompanhada de ações de promoção da saúde e de literacia alimentar, a começar nas escolas, (…) de forma a garantir a capacitação dos consumidores para escolhas alimentares informadas”, afirmou a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas (ON), Liliana Sousa, numa resposta à Lusa.
Portugal adotou, por despacho que entrou em vigor na sexta-feira (05), o sistema de rotulagem nutricional simplificado ‘Nutri-Score’ como medida de saúde pública de promoção da alimentação saudável, com adesão opcional pelos operadores económicos.
A bastonária da ON defende que a rotulagem nutricional simplificada “vem auxiliar” o consumidor nas suas escolhas alimentares, “descodificando a composição nutricional” dos produtos alimentares, tornando mais fácil e rápida a sua interpretação e permitindo a comparação entre produtos similares.
Liliana Sousa saudou a “boa notícia” de existir em Portugal um esquema único e harmonizado de rotulagem simplificada, “pese embora a sua aplicação pelos operadores económicos seja considerada como medida opcional”.
Esta medida, ressalva a Bastonária, não substitui, no entanto, a importância do desenvolvimento de iniciativas de educação alimentar e nutricional destinadas ao público em geral, para incentivar o conhecimento, a procura, a consciencialização e a compreensão, por parte do consumidor, de forma a tornar efetivo este esquema de rotulagem, como medida de saúde pública de promoção da alimentação saudável.
A Ordem defende que seja desenvolvido um sistema de monitorização, que permita avaliar a aplicação e o impacto do ‘Nutri-Score’ no mercado português, em fatores como o seu reconhecimento, a mudança de atitudes de consumo e de comportamento alimentar, a reformulação da composição de produtos pela indústria alimentar e os potenciais efeitos resultantes sobre a saúde da população.
Para Liliana Sousa, a promoção de uma alimentação saudável carece de uma abordagem integrada ao longo da vida, que deve incidir sobre aspetos relacionados com o comportamento alimentar individual, mas também sobre o próprio ambiente alimentar em que os indivíduos estão inseridos.
“Nesta perspetiva, consideramos como método mais eficaz para a promoção de uma alimentação saudável, o aumento de nutricionistas disponíveis nos diferentes campos de ação, enquanto profissionais de saúde que estudam, pesquisam e intervêm nesta matéria e que, por isso, devem, a todo o tempo, ser ativamente envolvidos, independentemente do contexto de trabalho ou área de atuação”, afirma.