– As principais conclusões do relatório sublinham o impacto que as múltiplas crises têm sobre a saúde mental na Europa, salientando a necessidade urgente de os indivíduos, as comunidades, as sociedades e os decisores políticos melhorarem o bem-estar mental em todo o continente e promoverem uma sociedade mais saudável e resiliente para as gerações atuais e futuras.
– A eco-ansiedade é uma perturbação de stress pré-traumático em que os problemas de saúde mental relacionados com eventos traumáticos eminentes são sentidos antecipadamente. Está a propagar-se especialmente entre as gerações jovens, levando a um aumento dos níveis de stress, desespero e sentimentos de impotência.
– As provas empíricas mostram uma ligação direta entre o medo do aquecimento global ou a exposição a fenómenos meteorológicos extremos e os distúrbios de saúde mental.
A eco-ansiedade, caracterizada por um medo generalizado das alterações climáticas e das suas consequências, surgiu como uma preocupação significativa para a saúde mental, particularmente entre os jovens. Uma nova investigação apresentada no Parlamento Europeu pela European House – Ambrosetti, um grupo de reflexão italiano, juntamente com a Angelini Pharma, farmacêutica multinacional que integra o grupo privado Angelini Industries, mostrou que cada vez mais cidadãos em todo o continente sofrem de um medo generalizado das alterações climáticas e das suas consequências.
Pela primeira vez desde que a iniciativa Headway foi lançada em 2017, o relatório ‘Headway – Mental Health Index 3.0’ analisou especificamente a eco-ansiedade como um novo fator-chave. Criado como parte de uma iniciativa destinada a abordar questões importantes em matéria de saúde mental em toda a Europa, este índice compara a saúde mental entre os países da UE-27 e o Reino Unido, utilizando 54 indicadores-chave de desempenho. Este índice abrange três áreas macro: os fatores determinantes para a saúde mental, o estado da saúde mental de uma população e a capacidade de resposta dos sistemas nacionais de saúde às necessidades das pessoas, no que diz respeito a cuidados de saúde, locais de trabalho, escolas e sociedade em geral.
O relatório revela que, em média, mais de um terço dos europeus (37%) se sente exposto a ameaças relacionadas com as alterações climáticas. Em países onde os efeitos das alterações climáticas já são tangíveis, através de fenómenos meteorológicos extremos, como Itália, Espanha e Grécia – que fazem parte do chamado hotspot mediterrânico, uma das regiões que regista o aquecimento mais rápido do planeta – o impacto na saúde mental pode ser ainda mais forte. Definida como uma perturbação de stress pré-traumático, a maior parte das formas de eco-ansiedade não são clínicas, mas podem contribuir para agravar condições de saúde mental pré-existentes.
Para além da ansiedade ecológica, o relatório aponta para uma série de crises paralelas que estão a afetar a saúde mental das pessoas. Os conflitos geopolíticos, as tensões sociais e a crise do custo de vida têm afetado a vida quotidiana de milhões de europeus, com 62% dos europeus a declararem-se afetados pela atual policrise. Os jovens, em particular, surgem como um grupo particularmente vulnerável. De acordo com as conclusões do relatório, cerca de 20% das crianças sofrem de problemas de saúde mental durante os seus anos de escolaridade e uma em cada cinco declara-se infeliz e ansiosa em relação ao futuro devido à solidão, à intimidação e a dificuldades com os trabalhos escolares. Além disso, 45% das pessoas com idades compreendidas entre os 16 e os 25 anos relatam ansiedade e angústia diárias associadas à eco-ansiedade.
“Embora as perturbações da saúde mental possam afetar qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade, do contexto socioeconómico, do género ou da etnia, os jovens e outras populações vulneráveis podem sofrer níveis desproporcionais de angústia e necessitar de maiores níveis de apoio”, afirmou Maria Walsh, membro do Parlamento Europeu, pelo círculo eleitoral de Midlands-North-West. “A incorporação de intervenções políticas e de cuidados de saúde adaptados, que ofereçam um apoio abrangente à saúde mental para os desafios únicos enfrentados por estes indivíduos, alguns dos quais já se verificam em alguns Estados-Membros, poderão ajudar a resolver as perturbações de saúde mental à medida que estas surgem e garantir a prestação de apoio e tratamento adequados.”
Ao proporcionar uma visão geral da saúde mental na Europa, com base num vasto leque de informação recolhida e analisada, o ‘Headway – Mental Health Index’ pode também servir como barómetro da capacidade de cada país em produzir bases de dados eficazes e comparáveis. Neste sentido, o Headway continua a destacar as diferenças estruturais e as limitações entre as diferentes bases de dados e os sistemas de saúde e de assistência social, defendendo uma maior comparabilidade para melhor compreender o estado atual da saúde mental da população nos diferentes países europeus e a forma como estes respondem às necessidades de saúde mental.
Tendo em consideração esta situação, existem diferenças significativas na forma como as questões de saúde mental são tratadas nos países inquiridos e o relatório indica pontuações mais altas ou mais baixas com base na capacidade de resposta dos locais de trabalho, nas escolas e na sociedade em geral. A Dinamarca, Suécia e Finlândia ocupam os primeiros lugares nos indicadores utilizados para o relatório Headway, enquanto a Eslováquia, Grécia e Croácia tendem a registar pontuações mais baixas. É importante referir que uma diminuição da pontuação de um país não significa necessariamente que os seus serviços de saúde mental tenham piorado, podendo antes indicar que outros países melhoraram mais depressa.
“Durante este último ano, a população europeia enfrentou diversos fatores de crise económica, social, geopolítica e ambiental com um impacto significativo na saúde mental das pessoas”, afirmou Elisa Milani, Coordenadora de Projetos e Consultora da Área da Saúde da European House – Ambrosetti. “Neste cenário, o Índice de Saúde Mental Headway atualizado, agora na sua terceira edição, continua a representar uma ferramenta útil para a monitorização e o planeamento de políticas de saúde, bem-estar, educação e ambiente em matéria de saúde mental nos países europeus. Nesta era pós-pandémica, que tem sido designada de policrise devido à ocorrência de múltiplas crises e desafios, a adoção de ferramentas baseadas em dados para os decisores políticos é uma oportunidade para identificar as áreas mais críticas e, consequentemente, intervir, através de uma abordagem multidisciplinar e colaborativa destinada a construir uma sociedade mais equitativa e resiliente em geral.”
“A Estratégia da UE para a Saúde Mental, recentemente lançada pela Comissão Europeia, centra-se na prevenção, no acesso aos cuidados e na reintegração na sociedade. É um exemplo encorajador da crescente consciencialização entre os governos nacionais, o meio académico, o sector dos cuidados de saúde e outras partes interessadas de que é necessário um apoio mais abrangente para abordar o aumento sem precedentes dos problemas de saúde mental em toda a Europa”, afirmou Jacopo Andreose, Diretor Executivo da Angelini Pharma. “Estamos gratos ao Parlamento Europeu e ao nosso parceiro, a European House – Ambrosetti, por continuarem a apoiar e a envolver-se em investigações como o relatório Headway e esperamos reforçar o diálogo, a mudança de paradigmas e a partilha de boas práticas em torno desta imagem mais completa da saúde mental em toda a Europa.”
Para saber mais sobre o relatório ‘Headway: A New Roadmap in Mental Health’ ou para fazer download do relatório completo, visite: https://healthcare.ambrosetti.eu/it/incontri/view/12938.