A partir deste ano, o Dia Mundial da Obesidade passa a comemorar-se no dia 4 de março. Este ano as comemorações estão sob o mote “As Raízes da Obesidade são Profundas”.
Em comunicado divulgado, a Sociedade Portuguesa Para o Estudo da Obesidade (SPEO) reforça esta ideia e defende que “em Portugal as raízes da obesidade tendem a aprofundar-se e é urgente cortá-las”.
Referindo um estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em que mais de metade (62%) dos portugueses são obesos ou pré-obesos, a SPEO alerta para que estes números têm tendência a aumentar de ano para a ano.
Para Paula Freitas, presidente da SPEO “é urgente prevenir e estabelecer uma estratégia de combate à obesidade que dê frutos até ao final desta década que agora iniciamos”, indica na nota divulgada.
“É preciso um diagnóstico mais atempado e reencaminhamento dentro do sistema de saúde, apostar na promoção de uma melhor educação para a saúde e promoção correta da perda de peso. Existe também a necessidade de uma reestruturação dos programas de tratamento existentes no nosso país. Há que dotar os profissionais de saúde dos Cuidados de Saúde Primários de conhecimentos sobre o tratamento global da obesidade, mas também de meios físicos e económicos”, são algumas das ideias de Paula Freitas.
Outra das ideias defendidas pela presidente da SPEO é a comparticipação de medicamentos.
“É necessário comparticipar os fármacos para o tratamento médico da obesidade, já que atualmente existe uma muito baixa acessibilidade, nomeadamente nas populações economicamente mais desfavorecidas, que são aquelas que têm uma maior prevalência de obesidade”, explica.
“Se as outras doenças metabólicas, cardiovasculares e até neoplásicas associadas à obesidade são tratadas no sistema nacional de saúde, sendo os fármacos para o seu tratamento comparticipados, porque é que o os fármacos para a obesidade não o são? É incompreensível. Estamos a negar o tratamento de uma doença numa fase precoce, mas, posteriormente comparticipa-se o tratamento das múltiplas doenças associadas? Até do ponto de vista meramente económico consideramos que faz sentido apostar no tratamento numa fase inicial quando as complicações ainda não se instalaram”, explica Paula Freitas.
A SPEO defende também que é necessário que a obesidade passe a ser tratada como doença.
“Dado que, em Portugal a prevalência de obesidade na população adulta tem vindo a aumentar e uma vez que o nosso país foi um dos primeiros a reconhecer a obesidade como uma doença, a SPEO gostaria de ver a obesidade a ser tratada como a patologia grave que é”, indicam.
Segundo o comunicado divulgado, “a obesidade está associada a mais de 200 outras doenças, como diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, e cerca de 13 tipos de cancros, sendo ainda responsável por alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada”.