A agricultura biológica, por definição, não utiliza agroquímicos (ex.: fertilizantes e pesticidas), nem organismos geneticamente modificados. Combina tradição, inovação e ciência, baseando-se em processos ecológicos naturais, tais como o uso de adubos verdes e a compostagem, em benefício da biodiversidade e sustentabilidade ambiental. Previne a contaminação dos alimentos com resíduos químicos que são associados a patologias como o cancro e alguns tipos de alergias, salvaguardando não só a saúde dos consumidores como também a dos produtores que evitam o contato com substâncias nocivas. Já correram rios de tinta sobre o tema. Foram esgrimidos argumentos a favor e contra. Emergiram diversas reações e posições de indivíduos, famílias, empresas e países. A nível individual e familiar cresce o número de pessoas que optam por uma alimentação biológica. Aumenta também o número de empresas, organizações e países que exploram este nicho de mercado. O governo da Dinamarca, por exemplo, estabeleceu uma meta arrojada para os alimentos produzidos e comercializados no país. Tenciona que as práticas agrícolas no país se tornem totalmente biológicas, começando por duplicar a quantidade de cultivo biológico até 2020, através da disponibilização de terrenos baldios para esta prática, do estímulo do comércio deste tipo de produção, e do incentivo ao seu consumo. Naturalmente que a agricultura biológica enfrenta um conjunto de desafios económicos (por não garantir a manutenção ou melhoramento dos índices de produção e produtividade), científicos (para contrapor os prejuízos causados por pragas e doenças), sociais (decorrentes de diferentes perceções e escolhas), e institucionais (para regular e inspecionar as práticas e procedimentos). Organizações internacionais como a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), apesar de a incluírem na lista das práticas recomendáveis para a agricultura sustentável e sistémica, optam por estabelecer pontes entre as diferentes correntes, recomendando uma abordagem mais equilibrada e holística, consubstanciada na Agricultura Inteligente Face ao Clima que preconiza maior eficiência na utilização dos recursos, a moderação no recurso aos agroquímicos e medidas orientadas para a conservação, a preservação e valorização dos recursos naturais e a proteção da saúde pública. A responsabilização de todos os atores da cadeia de valor dos alimentos e a melhoria da literacia nutricional é fundamental, uma vez que o debate sobre alternativas alimentares vai certamente continuar, com implicações no futuro da Humanidade e do planeta. Hélder Muteia, |