02 de agosto de 2017 Os investigadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard concluíram, através de um estudo divulgado hoje, que o aumento de concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e o aquecimento do planeta poderão, até 2050, reduzir o valor nutritivo das principais culturas, como o trigo e o arroz. Divulgada numa publicação financiada pela fundação Bill & Melinda Gates, a investigação mostra que pode ser grande o impacto negativo, especialmente na saúde das populações dos países em desenvolvimento, que dependem do arroz e do trigo para satisfazer as necessidades proteicas. As populações destes países podem mesmo vir a perder 5% do fornecimento de proteínas até meio do século, devido à redução do valor nutritivo de importantes culturas. Para estimar o risco de deficiência atual e futura de proteína, os investigadores combinaram dados a partir de experiências em que as culturas foram submetidas a níveis elevados de CO2. A maior parte das culturas reagiu às variações de CO2, afetando não só o seu crescimento mas também a sua transpiração. Num cenário de elevadas concentrações de CO2, o valor de proteína chegou mesmo a cair cerca de 15% em alguns dos alimentos analisados. Samuel Myers, investigador do departamento de saúde ambiental da Escola de Saúde Pública de Harvard e principal autor do estudo, explica que estes dados vêm confirmar o quanto é importante agir «no sentido da redução das emissões de CO2 e outros gases com efeito estufa provenientes de atividades humanas». O mesmo investigador, avança a “Lusa”, é ainda co-autor de outro estudo, publicado na terça-feira, na revista GeoHealth, que mostra que as mesmas causas levam também à redução do teor de ferro e zinco nas principais culturas. A deficiência destes minerais, essenciais na população mundial, é já significativa. Os grupos mais vulneráveis são os 354 milhões de crianças menores de cinco anos e 1,06 mil milhões de mulheres em idade fértil, especialmente nos países da África do Sul e Norte da Ásia, onde a incidência de anemia já é elevada. |