“Nas áreas da sustentabilidade e redução do desperdício alimentar, o consumidor necessita estar envolvido e capacitado” 447

Em prol da proteção da vida e da saúde, a Alimentação Coletiva e a Restauração têm sido alvo de vários esforços legislativos e de definição de estratégias. Muito ainda há por fazer e os desafios são constantes, mas não restam dúvidas do “seu crescimento meritório e exponencial”. A VIVER SAUDÁVEL falou com nutricionistas para perceber quais as mudanças que mais têm impactado nesta área e o que se pode esperar do futuro.

Apesar dos esforços legislativos e das estratégias definidas ao longo dos anos, há matérias que, para os nutricionistas, necessitam de uma intervenção imediata.

Para Carolina Sousa, uma destas matérias é, efetivamente, o desperdício alimentar. “A sua erradicação não está apenas na mão de quem produz e da gestão de produção, mas depende igualmente de todos os intervenientes que contribuem para fornecimento de refeições até ao consumidor final”. Para tal, como preconiza a nutricionista Especialista em Alimentação Coletiva e Restauração, “é necessário um ajuste e controlo das porções servidas (para evitar o consumo excessivo e promover hábitos alimentares equilibrados) e a dinamização de campanhas de sensibilização para a população, alertando para as consequências do desperdício alimentar a vários níveis”.

No respeitante à restauração, em particular, Célia Craveiro acrescenta ser “claramente notório que seja quais forem as mudanças exigidas, especialmente nas áreas da sustentabilidade e redução do desperdício alimentar, o consumidor necessita estar envolvido e capacitado”. Deste modo, a presidente da Associação Portuguesa de Nutrição (APN) defende que, “se nos últimos anos, até por inerência da pandemia, o serviço de restauração alterou-se de forma muito expressiva, o consumidor e a sua exigência também vieram promover uma série de alterações que necessitam de uma constante capacitação e literacia se se entender que os mesmos não são promotores de uma gestão parcimoniosa de recursos ambientais”.

Algo que Célia Craveiro exemplifica com “a constante procura por produtos alimentares de outras culturas, fora da época; a disponibilidade imediata de serviços com maior impacto ambiental ou até pela exigência de serviços nonstop e economicamente acessíveis”.

Desafios: expectativas e custos

Além das matérias que precisam de uma intervenção imediata, há ainda a ter em conta algumas circunstâncias que impactam diretamente a alimentação coletiva e restauração, como a “alteração (cada vez mais rápida) das expectativas, requisitos e necessidades dos clientes e consumidores”, indica António Teixeira, especificando que “variáveis como o crescente turismo, o aumento do impacto dos influencers (principalmente os digitais, via redes sociais) e os diferentes estilos de vida que irrompem acabam por acelerar a expansão de novas tendências e conceitos, provocando alterações ao nível das necessidades e expectativas dos consumidores e clientes, obrigando as empresas a estarem atentas a novas formas e formatos de consumo para se manterem relevantes e suprimirem a concorrência”.

O nutricionista e gestor de inovação na Trivalor SGPS, salienta ainda, na ótica dos desafios, o controlo de custos e, neste ponto, indica “alterações do preço das matérias-primas (como o exemplo recente do caso do azeite e dos cereais), variação dos custos fixos (de mão-de-obra, pelo aumento do salário mínimo, e dos custos energéticos inerentes ao sistema produtivo), gestão de inventários e logística, exigências legais e a necessidade de investir mais em Marketing e Inovação e Desenvolvimento para garantir que concorrentes diretos e indiretos possam ganhar margem de mercado, são variáveis que imprimem um ritmo de aumento de custos que obrigam as empresas a implementar diferentes técnicas e metodologias de controlo de custos”.

“Um futuro de inovação tecnológica, sustentabilidade e personalização” é o artigos de destaque da última edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de setembro e outubro, já disponível. Leia a reportagem completa na Revista dos Nutricionistas.