Como diagnosticar a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), as principais queixas associadas e como fazer uma boa gestão da doença são alguns dos tópicos abordados no livro “Saiba mais sobre DPOC”. Um livro publicado por especialistas do Serviço de Pneumologia do CH do Baixo Vouga, com o apoio da Linde Saúde e da Associação Respirar Aveiro, e que tem como objetivo desmistificar uma patologia que afeta cerca de 750 mil portugueses.
“A DPOC é uma doença respiratória cada vez mais frequente em Portugal e no mundo. E, apesar de os dados existentes apontarem para os números já referidos, teme-se que o valor real de pessoas afetadas por esta patologia possa ser muito superior às estimativas, uma vez que ainda há pouco conhecimento sobre esta doença. Uma das justificações para este cenário é que, inicialmente, a pessoa com DPOC pode manter-se assintomática e sem queixas, o que faz com que esta doença passe muitas das vezes despercebida e sem ser diagnosticada.” explica Lilia Andrade, diretora do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Baixo Vouga.
O livro “Saiba tudo sobre DPOC” surge assim como uma ferramenta para conhecer uma doença crónica caracterizada por uma inflamação com obstrução progressiva e persistente na passagem do ar pelas vias respiratórias. O objetivo é que sirva para um reconhecimento de algumas das queixas típicas desta doença para evitar cenários de risco em que a inflamação leva à destruição dos alvéolos e conduz a problemas na oxigenação do sangue.
Frequentemente, os doentes vivem ainda com algumas das queixas típicas desta doença, mas não as associam imediatamente à DPOC ou até mesmo a doenças dos pulmões. Como consequência, a procura tardia por ajuda médica poderá dificultar o retardar da evolução da doença, caso esta tenha já uma gravidade considerável.
“Um diagnóstico precoce para a DPOC é fundamental, visto que a procura tardia por ajuda médica poderá dificultar o retardar da evolução da doença, caso esta tenha já uma gravidade considerável. Além disso, é importante reforçar que, no atual contexto de pandemia, os resultados de alguns estudos parecem demonstrar que a DPOC está associada a um risco significativo, mais de cinco vezes superior, de infeção grave pelo novo coronavírus. Uma atitude preventiva pode salvar vidas”, reforça João Cravo, especialista em Pneumologia no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar do Baixo Vouga e coordenador geral do livro.
Mas o livro “Saiba tudo sobre DPOC” não fica por aqui. Para garantir um estilo de vida normal aos doentes com DPOC, é possível contar ainda algumas recomendações fulcrais:
• Deixe de fumar: a cessação tabágica é a intervenção com a maior capacidade para alterar a evolução da DPOC, uma vez que o tabaco é um dos principais fatores de risco para o aparecimento e a progressão da doença;
• Faça exercício: a falta de ar pode parecer a desculpa e a tentação ideal para diminuir o ritmo da sua rotina, fazendo com que adquira um estilo de vida mais sedentário, mas a realização de atividade física está associada a uma melhoria não só do funcionamento do seu coração como também a nível vascular e respiratório;
• Alimente-se bem: os alimentos são o “combustível” de que o seu corpo necessita para realizar todas as atividades, incluindo respirar. Por isso, é crucial ingerir calorias suficientes para evitar que fique fraco ou com baixo peso, o que está associado a uma evolução menos favorável da doença;
• Beba bastante água: através da transpiração, respiração ou ao urinar, cada pessoa perde 2 a 3 litros de água por dia, sendo importante substituir a água perdida. Para pessoas com DPOC, a hidratação é ainda mais fundamental, uma vez que ajuda a controlar a doença, diluindo o muco e facilitando a sua exteriorização;
• Vacine-se: existem dois tipos de vacinação recomendada para os doentes com DPOC – a vacina antigripal e as vacinas contra agentes pneumocócicos, responsáveis pela pneumonia;
• Controle a ansiedade: quando fica ansioso é provável que fique enervado, transpirando mais e respirando de forma mais rápida e superficial, o que poderá fazer com que sinta falta de ar. O ideal será não evitar as atividades habituais, adaptando-se à nova realidade sem stress e ansiedade;
• Tenha cuidado com o tempo: os extremos da temperatura são geralmente sinónimo de períodos de maior desconforto para pessoas com DPOC, sendo que é no Inverno que se verifica um aumento das exacerbações e das hospitalizações em contexto de infeções respiratórias.
“É crucial educar a população para este problema e frisar que, apesar de ser incurável, é possível viver com DPOC. É esta a grande mensagem que este livro procura transmitir, sendo um apoio fundamental para doentes, cuidadores e população em geral”, frisa João Cravo.