03 de Março de 2016 A mortalidade por cancro em Portugal desceu ligeiramente em 2014, e continua abaixo da média europeia, mas o aumento do cancro colo-retal preocupa as autoridades que defendem a generalização do programa de rastreio a todo o país. Segundo o relatório “Portugal – Doenças Oncológicas em Números”, que é hoje apresentado, em 2014, a taxa de mortalidade padronizada por cancro passou para 151,5 por 100 mil habitantes, valor que vem diminuindo de forma gradual, pelo menos desde 2010. Embora se assista a uma redução gradual da mortalidade, o documento sublinha que «os anos potenciais de vida perdidos continuam muito significativos». O cancro do pulmão continua a ser o mais letal em Portugal, tendo sido responsável, em 2014, por 3.927 óbitos, o que dá uma média superior a 10 mortes por dia. Aliás, o tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão são os cancros que mais contribuem para os anos potenciais de vida perdidos, segundo dados do relatório da Direção-Geral da Saúde. O documento vinca que Portugal, em comparação com os dados europeus de mortalidade, está numa «posição confortável», até porque beneficia de um histórico de menor consumo de tabaco a que corresponde menor taxa de cancro do pulmão e menor mortalidade. No entanto, para que esse efeito continue a manifestar-se, os responsáveis do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas aconselham a que as autoridades sejam mais ativas na promoção da cessação tabágica. Além disso, em relação ao cancro do pulmão é necessário corrigir assimetrias regionais, como a «situação gritante» dos Açores, onde «urge tomar medidas», visto que a incidência nesta região autónoma é praticamente o dobro do resto do país. Também o cancro colo-retal é «uma prioridade indesmentível», pelo aumento crescente de casos. Ao nível da mortalidade, quando analisados os dados apenas referentes ao sexo masculino, Portugal encontra-se, a nível europeu, «no quartil de mais elevada mortalidade», o que os autores do relatório consideram justificar uma «particular preocupação». «O cancro colo-retal é uma prioridade indesmentível, pelo aumento crescente e pela situação relativa do país, sendo ainda incipientes os rastreios no terreno. Só apostas na prevenção poderão modificar sensivelmente o atual panorama», indica o documento. Em relação aos rastreios do cancro colo-retal são apontadas assimetrias regionais e aconselhado o seu alargamento a nível nacional: «Embora se note um aumento dos programas de rastreio de cancro colo-retal, a expansão acelerada a todas as regiões é uma prioridade». |