12 de outubro de 2018 Os especialistas envolvidos na candidatura da Dieta Mediterrânica a património imaterial da UNESCO lançaram hoje um manifesto a apelar à criação de condições para que mais pessoas adiram à dieta, «independentemente da sua condição social e económica». O manifesto pela preservação da Dieta Mediterrânica em Portugal chama a atenção para dez aspetos essenciais na preservação deste padrão alimentar em Portugal e apela «a uma mudança de paradigma no modelo de intervenção de modo a que se criem condições para que mais pessoas possam a aderir a esta forma saudável de comer, independentemente da sua condição social e económica». Subscrito pelo diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Pedro Graça, pelo chefe da divisão de Cultura, Património e Museus da Câmara de Tavira, Jorge Queiroz, e pela antropóloga e técnica superior da Comissão Nacional da UNESCO, Clara Bertrand Cabral, o manifesto sublinha a necessidade de se «prestar mais atenção aos fatores que verdadeiramente afetam a adesão a este padrão alimenta»”, como uma maior atenção à gestão do tempo familiar. Segundo Pedro Graça, «sem uma atenção particular às leis do trabalho e à preservação do tempo familiar para comprar, cozinhar e estar à mesa não se consegue cumprir o objetivo da convivialidade que está na base da Dieta Mediterrânica». Ainda segundo o documento, sem uma atenção reforçada ao ensino e ao consumo da Dieta Mediterrânica nas escolas, onde se deviam ensinar competências básicas para cozinhar e provar diariamente a Dieta Mediterrânica não se pode ter adultos preparados para a adotar. «Sem a participação mais ativa do homem nas atividades domésticas e, em particular, na manutenção do património familiar ligado ao modo de cozinhar mediterrânico não conseguiremos preservar este modo de comer», defende. A Dieta Mediterrânica é o padrão alimentar mais estudado em todo o mundo e comprovadamente protetor da nossa saúde. «Sabemos também que a alimentação inadequada é o principal determinante dos anos de vida saudável perdidos pelos portugueses. Apesar de sabermos tudo isto, trabalhos científicos recentes demonstraram que menos de 10% da população nacional consome de acordo com este padrão alimentar», afirmam os especialistas. Os mesmos estudos sugerem ainda que a Dieta Mediterrânica é menos consumida nas regiões do Sul e nas populações mais desfavorecidas. Foi esta constatação que levou o grupo de especialistas que esteve envolvido na candidatura da Dieta Mediterrânica a património imaterial da humanidade pela UNESCO a discutir a sua preservação e a «apresentar uma maneira diferente de proteger este modo de comer». |