
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) Europa, divulgado hoje, defende que a implementação de 25 políticas de saúde, como o aumento dos impostos sobre tabaco e álcool, pode ter efeitos positivos em cinco anos.
A análise elaborada pelos especialistas em doenças não transmissíveis da OMS na Europa foi publicada hoje na revista científica The Lancet Regional Health – Europe e defende que “a saúde é uma escolha política”, como referiu o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge.
Neste estudo, os investigadores analisaram várias medidas específicas e chegaram à conclusão de que o impacto da sua implementação na região da Europa e Ásia Central num período de cinco anos é positivo, o que demonstra “como os decisores políticos e as políticas podem alcançar resultados que podem ser medidos no combate às doenças não transmissíveis num único ciclo político”, referiu a OMS em comunicado, citado pela Lusa.
Entre as medidas identificadas pelos investigadores como “compras rápidas” capazes de garantir efeitos a curto-prazo estão, além do aumento dos impostos sobre o tabaco, álcool e alimentos que não são saudáveis, a reformulação de produtos alimentares e de bebidas com teores elevados de sal, açúcar e gordura. Colocar a informação nutricional na parte da frente das embalagens é também outra das medidas defendidas no estudo hoje publicado, assim como a comparticipação de soluções farmacológicas para quem pretende deixar de fumar.
Em relação ao consumo de álcool, o estudo sublinha que devem ser aplicadas restrições em relação à publicidade que é feita sobre o álcool nas diversas plataformas, de forma a diminuir a exposição dos consumidores a este produto. E aponta também para a criação de pontos de controlo de álcool para condutores.
No âmbito do combate contra o cancro, os investigadores defendem a implementação de planos de vacinação contra o vírus do papiloma humano para raparigas com idades entre os 9 e os 14 anos.
De acordo com o documento, que é assinado por 15 investigadores, foi possível encontrar evidências de que, por exemplo, a medida relacionada com o aumento das taxas sobre o tabaco pode ter efeitos positivos em quatro meses. Já a comparticipação de métodos para deixar de fumar pode ter efeitos em seis meses.
“As doenças não transmissíveis são a principal causa de morte e incapacidade em todo o mundo”, referiu a OMS em comunicado, acrescentando que representam 90% das mortes na Europa.
“Compreendemos a urgência política de produzir resultados políticos alcançáveis. Ao incorporar a dimensão do tempo, o nosso estudo sublinha que os líderes que implementam estas medidas podem muitas vezes apontar para benefícios mensuráveis para a saúde pública no período de apenas um ano”, explicou Allison Ekberg, uma das autoras do estudo.