De acordo com o estudo The Green Revolution Portugal, levado a cabo pela Lantern, 56% da população portuguesa considera comprar carne cultivada em laboratório, número que sobe para os 62%, no que respeita aos veggies.
Segundo o estudo, “a percentagem de pessoas veggies dispostas a comprar este tipo de carne sobe até aos 62%”, mas entre a totalidade da população portuguesa desce para 56% os que consideram que comprariam este produto, contra apenas 15%, que à partida o recusam.
Este é um valor considerado elevado por David Lacasa, partner da Lantern, “para um produto que ainda não se encontra disponível e que é tão particular”.
Esta é uma carne fabricada num reator a partir de células mãe. Neste momento, já existem companhias a desenvolver com esta tecnologia, um conjunto de produtos de proteína animal, com as mesmas características, mas sem a participação de nenhum animal, seja vaca, porco, frango ou peixe.
Para quem receia as consequências do consumo deste tipo de alimentos, David Lacasa deixa uma palavra tranquilizadora, já que esta carne (precisamente por ser criada em laboratório) “não deverá originar efeitos secundários”, uma vez que “os controlos de qualidade e saúde são muito exigentes, não se podendo comercializar qualquer produto que apresente contraindicações perante o seu consumo”, garante.
Neste sentido, a carne cultivada poderá ter um perfil nutricional melhorado, uma vez que será possível “retirar gorduras menos boas e incluir novos elementos nutricionais no composto”.
E o facto de se tratar de um produto com “uma pegada de carbono mais reduzida em comparação com a carne tradicional”, poderá vir a ser uma razão determinante para que os consumidores venham a consumir esta carne cultivada.
O estudo indica ainda que os consumidores mais velhos, com mais de 65 anos, são os mais renitentes em aderir a esta proposta de alimentação. De acordo com o The Green Revolution Portugal, 37% da população portuguesa considera que se trata de um produto pouco natural e muito processado.
Neste momento, existem mais de 70 companhias a desenvolver este tipo de produto, mas para já apenas existe aprovação legal para a sua comercialização em Singapura, onde é possível comprar nuggets de frango cultivado, da Eat Just.
Em declarações ao “Dinheiro Vivo”, David Lacasa indica que o primeiro hambúrguer feito com carne de laboratório foi apresentado no final de 2013 e tinha um custo de 300 mil euros. “Neste momento, o produto já está perto dos 9€ (em menos de 10 anos)”, esclarecendo que a matéria mais cara, até agora, era líquido para o cultivo das células mãe e que atualmente “já existem alternativas que permitem atingir preços similares aos da carne tradicional”.