30 de Março de 2016 Um estudo da Universidade do Porto analisou 825 crianças portuguesas e conclui que mais de metade (55%) não têm os níveis adequados de iodo, das quais 31% apresentam deficiência daquele micronutriente, cuja carência pode comprometer o desenvolvimento cognitivo. Os resultados preliminares do primeiro estudo realizado em Portugal sobre os níveis de iodo nas crianças portuguesas revelam que 55% dos analisados «não tem os níveis adequados» de iodo. Deste universo, «31% tem níveis de deficiência de iodo», avançou hoje à agência “Lusa” Conceição Calhau, investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Das crianças analisadas com idades compreendidas entre os seis e os 12 anos e a frequentar escolas na região do Tâmega, no norte de Portugal, ficou também a saber-se que 24% apresenta «excesso de iodo». Os resultados são «preocupantes», afirma a líder da investigação científica, recordando que a falta de iodo na alimentação das crianças pode comprometer o Coeficiente de Inteligência (QI) em 15 pontos. Para resolver o problema da carência de iodo nas crianças portuguesas, a especialista defende a introdução de uma legislação relativa ao sal. «O sal devia ser iodado com uma quantidade de iodo por quilo de sal que, com baixo consumo de sal, se consiga o aporte necessário de iodo», explica, referindo que essa é uma solução implementada na grande parte dos países mundiais, onde com ingestões baixas de sal se consegue cobrir as «necessidades diárias de iodo». A carência de iodo na dieta alimentar acarreta «graves problemas de saúde», podendo comprometer diversas funções do organismo, designadamente a taxa de metabolismo basal e temperatura corporal, que têm um «papel determinante no crescimento e desenvolvimento dos órgãos, especialmente do cérebro», lê-se no documento científico a que a “Lusa” teve acesso. O estudo, batizado de “Iogeneration” e cujos resultados preliminares vão estar em discussão hoje a partir das 15:00, na Reitoria da Universidade do Porto, durante o seminário “Iodo e Saúde”, pretende obter dados científicos para se possa delinear uma política de saúde pública sobre a questão do iodo, explica fonte da Universidade do Porto. A necessidade diária de iodo é entre as 90 a 150 microgramas, em função da idade da criança. O iodo é um micronutriente que serve para manter equilibrado os processos metabólicos do crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso desde a 15.ª semana de gestação do bebé até os três anos de idade, além de regular a produção de energia e consumo de gordura acumulada. Os alimentos mais ricos em iodo são os de origem marinha, como por exemplo a cavala, mexilhão, bacalhau, salmão, pescada, berbigão ou camarão, mas também existe no leite, ovo ou fígado. O seminário “Iodo e Saúde” prevê a participação de especialistas médicos e representantes da Organização Mundial de Saúde, Direção Geral de Saúde, Direção Geral da Educação, Ordem dos Médicos, Ordem dos Nutricionistas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, ASAE e Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares. Durante o seminário vão ser apresentados estudos de casos de países e regiões que fazem programas de suplementação de iodo na dieta das crianças. O seminário será composto por três painéis conduzidos por investigadores e docentes universitários: “Iodo em Portugal”, “Iodo ao Longo da Vida” e “Suplementação com Iodo”. |