Assinala-se na próxima segunda-feira, 27 de junho, o Dia Mundial do Microbioma, que tem objetivo de sensibilizar para a importância que estes seres microscópicos têm na preservação da saúde humana e do planeta.
“Estes microrganismos estão em toda a parte – micróbios, bactérias, fungos – e vivem em comunidades (microbiota) no nosso organismo: pele, ouvidos, boca, pulmões e intestinos. As microbiotas são os nossos escudos protetores contra doenças“, explica o Instituto Biocodex Microbiota em comunicado. “Uma das microbiotas mais importantes do corpo humano é a intestinal. Mais de 90% dos microrganismos que nos protegem estão no intestino e são tantos triliões que podem pesar até dois quilos”, continua.
Na sua maioria bactérias, estes microrganismos ajudam na absorção dos nutrientes e a prevenir e a regular infeções em todo o corpo humano. “A microbiota é crucial nos primeiros 1000 dias de vida, o período crítico do crescimento e desenvolvimento na primeira infância. Qualquer interferência no estabelecimento da microbiota intestinal nesta fase pode impactar de forma irreparável a saúde na fase adulta”.
O desenvolvimento da microbiota e o seu equilíbrio durante a fase adulta são, por isso, importantes para garantir o bom funcionamento do sistema imunitário e prevenir doenças. Qualquer desequilíbrio (disbiose) nesta comunidade de microrganismos pode ser um “gatilho” para o desencadear de alterações metabólicas, não só associadas à obesidade, como a doenças neurodegenerativas, diabetes, cancro, doenças inflamatórias e cardiovasculares, do trato urinário e até do próprio intestino, como é o caso da síndrome do intestino irritável.
Dois investigadores da NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, Ana Faria e Fernando Pimentel-Santos, “estão a desenvolver um projeto de investigação que visa identificar perfis específicos de microbiota e metabolitos para prever melhores terapêuticas para os doentes com espondilartrite e a artrite reumatoide”. Este estudo, desenvolvido ao abrigo de uma bolsa atribuída pela Biocodex Microbiota Foundation (BMF), pretende ser “um contributo para um melhor entendimento de alguns mecanismos fisiopatológicos relacionados com o início da doença e verificar se existe um perfil de microbiota que possa estar associado à resposta terapêutica”, garante a entidade.
Os dois investigadores defendem que a melhor forma de cuidar da nossa microbiota é através de hábitos alimentares saudáveis, como a dieta mediterrânea. “Há também evidências crescentes da possibilidade de se modular a microbiota, o que representa uma opção terapêutica fantástica”, refere o investigador da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. Benedita Sampaio Maia reforça a importância da variedade: “Comer uma grande variedade de alimentos para se poder ter também uma grande diversidade nos micróbios que vivem no nosso intestino”.
A composição da microbiota, além de evoluir ao longo de toda a nossa vida, desde o nascimento até a velhice é também o resultado de diferentes influências externas. Uma dieta diversificada, associada a hábitos de vida saudável, terá um impacto positivo no aparelho digestivo e no resto do organismo. Quando a alimentação não é suficiente, a suplementação com probióticos é uma alternativa terapêutica comprovada cientificamente para modular a microbiota ou restabelecer o seu equilíbrio.