No âmbito do Dia Mundial da Obesidade, que se assinala a 4 de março, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) alerta para o facto de as pessoas com obesidade estarem 80 vezes mais em risco de desenvolverem diabetes tipo 2, reforçando a necessidade do aumento da capacidade de resposta e da comparticipação dos tratamentos disponíveis e que provaram ser eficazes no tratamento de ambas as doenças.
“A obesidade continua a ser uma das maiores pandemias mundiais e, apesar de ser uma doença crónica, existem ainda muitos estigmas que lhe estão associados. Continua a ser vista como resultado de opções de vida individuais, mas a evidência científica mostra-nos que o problema é muito mais complexo. Existem fatores genéticos, psicológicos, hormonais, socioeconómicos e ambientais que contribuem para a obesidade. A APDP está apostada em desfazer mitos e em garantir a eficácia no combate a esta condição.”, alerta Carolina Neves, médica endocrinologista da APDP.
Em Portugal, há cerca de 2 milhões de pessoas a viver com obesidade e quando se somam as pessoas com excesso de peso o total representa 67,6% da população portuguesa. Um cenário com previsão para agravar devido aos atrasos nos tratamentos e que, segundo os dados mais recentes, gera um custo de aproximadamente 13 milhões de euros associados complicações da obesidade. Além disso, a obesidade é uma doença crónica complexa e multifatorial que está associada a mais de 200 outras doenças.
“Se conseguíssemos intervir antes de estas pessoas desenvolverem diabetes, poderíamos prevenir problemas de saúde significativos, como doenças cardíacas, doença renal crónica, neuropatia e retinopatia diabética, entre outros problemas, num grande número de pessoas.” No entanto, “o tratamento desta doença fica ainda muito aquém das necessidades atuais, havendo um grande caminho a percorrer. Além de as terapêuticas farmacológicas não terem comparticipação para a obesidade, também a inexistência de consultas multidisciplinares representa um entrave para o tratamento de pessoas sem poder monetário, o que trará consequências para os próprios, mas também para o SNS e o país.”, explica a endocrinologista.
“Além da intervenção na obesidade propriamente dita, também as pessoas com diabetes com IMC abaixo dos 35 vêem-se impedidas de se socorrerem de fármacos que as ajudam na compensação da sua doença. São medidas que não entendemos.”, conclui José Manuel Boavida, presidente da APDP, adiantando que “esta situação é tão exigente que vamos ter de criar outro tipo de respostas para a obesidade, ajustadas ao perfil de cada pessoa, com acompanhamento personalizado neste percurso.”