Mais de 8.600 enfermeiros pediram escusa de responsabilidade, sobretudo devido à falta de profissionais para assegurar os cuidados prestados, sendo a região centro do país a mais afetada, anunciou esta segunda-feira a Ordem dos Enfermeiros (OE).
“A Ordem dos Enfermeiros recebeu 8.664 pedidos de escusa de responsabilidade de enfermeiros, mais 927 desde o último relatório divulgado em dezembro de 2022”, lê-se num comunicado, citado pela Lusa.
O centro é a zona mais afetada, com um total de pedidos de escusa superior a 5.300. “(…) O destaque vai para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com 245 pedidos de escusa só nos últimos três meses”, indica.
Com um total de 2.363 declarações de escusa, a região sul é a segunda zona do país mais afetada, sendo que o Hospital Garcia de Orta, em Almada (Setúbal), encabeça o número de escusas com 341 pedidos.
A OE observa ainda que o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) é a segunda unidade hospitalar da região sul que regista mais pedidos de escusa, sem adiantar números, lembrando que em fevereiro “encontrava-se completamente sobrelotado”.
Comparando os dados atuais com os de há um ano, em período homólogo, é verificado um aumento de 4.400 pedidos de escusa.
A declaração de escusa de responsabilidade foi disponibilizada em janeiro de 2021, para acautelar a eventual responsabilidade disciplinar, civil ou criminal dos enfermeiros face ao número de doentes a seu cargo.
Em causa, sublinha a OE, “está a degradação dos serviços, sobretudo devido à falta de enfermeiros”, pondo em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados.
Além disso, a ordem alerta também que maioria dos enfermeiros que trabalha nos hospitais públicos faz cerca de 70 horas semanais, em vez das 35.
Aludindo a vários estudos internacionais, a OE aponta que, “por cada doente a mais a cargo de um enfermeiro, a mortalidade sobe 7%”.
“Este excesso de trabalho, associado às más condições que existem nos hospitais, leva muitos enfermeiros a trabalharem até ao limite e entrarem em situação de ‘burnout’”, sublinha.
A OE acrescenta que milhares de enfermeiros “emigram à procura de melhores condições de vida e de trabalho, onde recebem uma remuneração justa e a valorização que tanto merecem”.