Um estudo da Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), mostrou que 65,7% dos consumidores portugueses não comeriam insetos comestíveis.
As conclusões são da equipa constituída por Sofia Florença, Raquel Guiné, Paula Correia e Cristina Costa, no âmbito da Escola de Verão de Agroecologia e Sistemas Alimentares.
O estudo contou com 230 participantes, e foram avaliados os dados sociodemográficos, a caracterização dos hábitos dos participantes, as perceções sobre insetos comestíveis (IC) e derivados, os conhecimentos sobre IC e sustentabilidade e também os conhecimentos sobre o valor nutricional e atitudes perante IC. Os dados foram recolhidos através de formulários.
O trabalho avaliou o estado de aceitabilidade dos consumidores portugueses perante a hipótese dos insetos comestíveis serem introduzidos nas dietas atuais como fonte de proteína comparável à carne ou ao peixe.
Segundo o estudo, apenas 16% dos inquiridos respondeu que já tinha consumido insetos, dos quais 61,8 por cento consumiu no estrangeiro e 39,2 por cento em Portugal.
Já 65,7% dos consumidores portugueses não comeriam insetos comestíveis inteiros, caso estivessem numa ementa de um restaurante ou encaixados numa prateleira de supermercado.
Quanto questionados sobre as vantagens em termos ambientais e da sustentabilidade, em se comer insetos, cerca de 49% dos participantes revelaram um conhecimento elevado, seguindo-se 37,1% com conhecimento médio e 13,6% com baixo conhecimento.
Em relação ao conhecimento sobre os aspetos ligados à nutrição, há um desconhecimento muito maior. As pessoas têm noção de que são ricos em proteína, contudo quando questionados sobre outras propriedades nutricionais já não há esse conhecimento. Apenas 27,4% têm conhecimento elevado sobre a temática.
Sobre a aceitabilidade em produtos que contêm insetos como farinhas ou pastelaria e insetos inteiros, 19% dos inquiridos responderam que “não comeria com certeza”, 19,2% “não comeria”, 25,8% é “indiferente”, 23% “comeria” e, 12,2% “comeria com certeza”.
Quanto ao inseto inteiro, observou-se uma maior resistência. Dos 230 participantes, 35,2% “não comeriam com certeza”, 30,5% “não comeriam”, 22,5% é “indiferente”, 8,9% “comeria” e 2,8% “comeria com certeza”.
Este estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia – Apoio Especial “Verão com Ciência”.