Um estudo, encomendado pela Too Good To Go, revela discrepâncias entre a consciência e o comportamento dos europeus face ao desperdício alimentar em casa. Mais de 50% dos inquiridos confessa que ainda desperdiça algum tipo de alimento.
O estudo, denominado por WWF & Tesco de 2021, foi realizado pela YouGov, e decorreu por referência ao Dia Internacional da Consciencialização Sobre Perdas e Desperdício Alimentar, estabelecido pela ONU a 29 de setembro de 2020.
Contou com 17.824 mil inquiridos distribuídos por 12 dos 16 países em que a aplicação está presente e revelou que, apesar de grande maioria das pessoas estar ciente da importância do combate ao desperdício alimentar em casa, uma grande percentagem continua a desperdiçar.
“Uma realidade preocupante quando os últimos números do desperdício alimentar revelam, inclusive, um aumento na quantidade de desperdício alimentar produzido a nível global”, indica a Too Good To Go, em comunicado divulgado.
O inquérito decorreu em países como a Espanha, Holanda, Itália, Portugal, Dinamarca, Polónia, Suécia, França, E.U.A, Suíça, Áustria, Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Noruega.
“Apenas 37% dos entrevistados, que afirmaram saber que reduzir o desperdício de alimentos é uma das formas mais eficientes para combater as alterações climáticas, responderam que não desperdiçam nenhum alimento. Do total, 55% confessa que ainda desperdiça algum tipo de alimento. A principal razão? Segundo as respostas apuradas, 22% dos inquiridos acredita que as quantidades são tão reduzidas que não vale a pena evitar o seu desperdício”, indica a Too Good To Go, com base no resultado do estudo.
O documento indica que se desperdiçam cerca de 2,5 mil milhões de toneladas de comida por ano. Isto significa que mais de um terço da comida mundial é desperdiçada. Só em Portugal são desperdiçados cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano.
“Em Portugal, 41% dos inquiridos afirma não desperdiçar comida e globalmente, 35% dos inquiridos respondeu que não desperdiça comida. Já 72% dos inquiridos portugueses afirma estar ciente que a solução primeira para combater as alterações climáticas é a redução do desperdício alimentar. As famílias portuguesas com crianças até aos seis meses, representam o grupo que mais desperdiça alimentos – apenas 8% responderam que não desperdiçam”, indica a Too Good To Go.
O estudo mostra que “o desperdício alimentar doméstico não é algo que acontece intencionalmente; ele é resultado de pequenos comportamentos, aparentemente insignificantes, que todos deveríamos ter mais atenção e todos podemos melhorar”.
“Com o desperdício de alimentos a ser responsável pela emissão de já 10% de todos os gases GEE, todas as quantidades de alimentos que podemos salvar, contam, por mais reduzidas que sejam”, explica a Too Good To Go.
Para evitarmos que o nosso planeta tenha um aumento da temperatura global de 2ºC até 2100, teremos que reduzir o desperdício alimentar em 50% até 2050.
“Quando os resíduos alimentares são enviados para decompor em aterros, esse processo de decomposição emite metano, um GEE dez vezes mais prejudicial do que o CO2. No entanto, quando cortamos a quantidade de metano que estamos a emitir, este extrai-se da atmosfera em questão de décadas, em vez de centenas de anos, como acontece com o CO2, o que significa que reduzir o desperdício de alimentos é crucial para conseguirmos desacelerar o aquecimento global”, conclui a Too Good To Go.