Mais de 50% dos bombeiros portugueses são obesos ou têm excesso de peso 929

14 de Dezembro de 2015

No âmbito do Programa de Vigilância em Saúde dos Bombeiros, concluiu-se que mais de metade destes profissionais têm excesso de peso ou mesmo obesidade, o que acaba por influenciar outros indicadores de saúde, como é o caso do colesterol e da pressão arterial.

Este programa, que analisou um total de mais de 7.000 voluntários de todo o continente e também arquipélago da Madeira e cujos resultados intermédios foram agora apresentados, começou em outubro de 2013 e prolonga-se por cinco anos, noticiou o “Público”.

Em mais de 79% dos casos são homens entre os 18 e os 76 anos, sendo que 59,8% têm entre 23 e 42 anos. Um dos resultados diz respeito ao índice de massa corporal, com apenas 35,5% dos bombeiros a apresentarem valores considerados de peso normal. Há 37,4% em situação de pré-obesidade, 17,1% na chamada obesidade de grau I e 4,7% com obesidade de grau II. Há ainda 1,1% com grau III, ou obesidade mórbida.

Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), garante que mesmo com estes valores «o cenário não é de grande preocupação». «Não fogem do que se encontra nos cidadãos portugueses. Mas claro que devem ser os primeiros a estar bem de saúde para poderem ajudar os outros», reconhece.

«O importante deste programa é que muitos dos bombeiros são alertados para o risco e encaminhados, por exemplo, para o médico de família», acrescenta o presidente da LBP. Cerca de mil dos voluntários analisados foram referenciados para vários profissionais de saúde.

O programa avaliou também outras variáveis. Foi feito um rastreio visual aos participantes e um electrocardiograma em repouso. As conclusões indicam que 43% dos elementos tinham a pressão arterial normal. Em quase 15% dos electrocardiogramas foram detecadas alterações, assim como em 27,8% dos rastreios visuais. No que diz respeito ao colesterol, em 42,5% das análises os valores detetados estão acima do que é considerado normal. No caso dos triglicéridos o cenário é melhor, com apenas 23,3% de bombeiros a apresentarem valores superiores ao aconselhado. A glicémia, um dos indicadores de possível diabetes, estava dentro dos parâmetros normais em 72,3% dos elementos.

O presidente da LBP insiste em que os resultados não podem ser entendidos como muito negativos, sobretudo tendo em conta as características da atividade em causa: «É uma atividade de risco de vida em que as pessoas são colocadas em situações físicas e psicológicas tremendas e desgastantes. O bombeiro, por força da sua atividade, cuida de todos menos de si e por isso é nossa obrigação cuidar deles».

Terminados os rastreios, adianta Jaime Marta Soares, a ideia é que o programa avance para uma segunda fase de «divulgação de informação sobre alimentação e vida saudável».