A linha de aconselhamento psicológico do SNS 24, que atendeu mais de 257 mil chamadas desde que foi criada em abril 2020, vai ser adaptada às novas necessidades que surgiram depois da pandemia de covid-19.
O anúncio foi feito pelo coordenador dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde – Unidade do SNS 24, João Oliveira, que em entrevista à agência Lusa disse que a linha de aconselhamento psicológico é “um dos serviços que a nível percentual tem crescido mais no SNS24”.
“A linha de aconselhamento psicológico foi criada num contexto muito específico, sob uma grande pressão, principalmente nos profissionais de saúde, e é uma linha que veio para ficar porque efetivamente tem tido maior procura”, disse João Oliveira.
Até ao dia de hoje, já atendeu mais de 257.000 chamadas, a maioria de utentes, mas também de alguns profissionais de saúde, adiantou, recordando que este serviço surgiu devido à preocupação que existia sobre o impacto da pandemia na saúde mental.
Disponível todos os dias do ano e com atendimento assegurado por psicólogos clínicos, “o serviço vai ser reforçado, melhorado e até alargado, no seu âmbito de atuação, juntamente com a resposta também governativa que vai sendo dada no âmbito da saúde mental”.
“Durante a pandemia estávamos focados nas razões que a pandemia nos trouxe a nível de saúde mental, mas existe agora um pós pandemia que nos tem trazido mais algumas novidades, neste caso não tão boas”, lamentou, apontando casos de solidão, de ansiedade e também a “pressão que as pessoas também têm na sua vida”.
O trabalho de adaptação da linha às novas necessidades que vão surgindo está a ser feito com a Ordem dos Psicólogos Portugueses, que, segundo João Oliveira, “tem sido um parceiro fundamental neste serviço”.
“Estamos a fazer uma monitorização dos dados e o que nós estamos a perceber, e a tentar estudar também com a Ordem dos Psicólogos Portugueses, é se em determinadas situações, em vez de ser um acompanhamento pontual”, (…) podemos permanecer com esse acompanhamento”, adiantou.
Apesar de o serviço já hoje fazer algumas chamadas de seguimento de utentes que têm uma matriz de risco, que é aplicável pelos psicólogos da linha, o que se pretende “é incentivar mais e reforçar esse programa de acompanhamento”.
As chamadas no SNS 24 não têm limite do ponto de vista de duração, mas o mais importante, frisou, é que os utentes sintam que do outro lado da linha existe alguém para os ajudar, porque todos os serviços têm interligação entre si.
“Este tipo de resposta não pode ser uma resposta pontual, tem de ser uma resposta pontual e de acompanhamento”, até para evitar a sobrecarga dos serviços de urgência que muitas vezes são procurados por motivos de saúde mental, disse João Oliveira.
Nas situações emergentes, em que o psicólogo identifica que existe perigo para o próprio utente ou para terceiros, a chamada é transferida para o INEM, que assegura o acionamento dos meios de socorro adequados.
Além disso, o psicólogo pode identificar a necessidade de encaminhamento para o serviço de triagem, aconselhamento e encaminhamento do SNS24, se considerar que a situação não ficou resolvida com o aconselhamento psicológico ou que apresenta outro tipo de sintomatologia.
O serviço de aconselhamento psicológico está integrado na linha telefónica do SNS 24 e pretende dar apoio em várias situações, como ansiedade aguda, fragilidade psicológica e agravamento da doença psicológica.