Laranjas vendidas em Portugal com substâncias proibidas pela União Europeia 1302

Um estudo de uma associação espanhola identificou substâncias usadas para eliminar pragas e doenças nas laranjas importadas da África do Sul, um dos principais fornecedores extracomunitários de frutas da União Europeia.

A Unió de Llauradors, uma instituição de agricultores valenciana, levou a cabo a investigação e divulgou no jornal “La Vanguardia” a descoberta da existência de produtos fitossanitários nos citrinos importados para a União Europeia, com origem na África do Sul. Como referido no jornal “Público”, no total, foram identificados 50 herbicidas ou inseticidas. Entre as substâncias encontradas está o paraquat, um herbicida que, se ingerido, pode ser prejudicial para vários órgãos do corpo humano, como o coração, os rins e o intestino. Também foi encontrado o azinfos metil, um inseticida com níveis elevados de toxicidade para anfíbios, peixes, mamíferos, crustáceos, entre outros, e proibido pela Agência de Proteção Ambiental e pela UE desde 2006. A organização agrária explica ainda que o uso deste tipo de produtos permite aos agricultores africanos praticar preços mais baixos do que a concorrência europeia.

A organização aconselha a UE a interromper a importação de citrinos da África do Sul – e de qualquer outro país que não siga regras de segurança alimentar – até que regularizem a situação. Em comunicado, a instituição de agricultores valenciana já confirmou que vai continuar a levar a cabo estudos semelhantes para monitorizar que tipo de produtos fitossanitários estão presentes nos alimentos.

O jornal “Público” avança que a utilização destas substâncias comporta riscos não só para quem os ingere, mas também para quem os aplica na fruta. Tanto a Unió de Llauradors como a Associação Valenciana de Consumidores e Utilizadores (AVACU), entidade que solicitou o estudo, já manifestaram a sua preocupação pela entrada de produtos na Europa que tinham sido proibidos há vários anos. Já o eurodeputado Carlos Coelho refere que, a confirmar-se este facto, está-se «perante um caso grave de saúde alimentar e violação dos direitos dos consumidores», como se lê no site do “Observador”.

As frutas representaram 99% do valor da importação da UE provenientes de África do Sul, representando 1,61 milhões de euros do total de 1,63 milhões, com os citrinos no topo dos produtos importados.