O Programa Alimentar Mundial (PAM) denunciou esta terça-feira um cenário de “fome iminente” na Faixa de Gaza, uma vez que a ajuda alimentar tem dificuldade em chegar ao território palestiniano devido aos combates e aos obstáculos colocados pelas autoridades israelitas.
Em dezembro de 2023, o PAM, agência que integra o sistema das Nações Unidas, indicou que a situação era catastrófica para os cerca de 2,2 milhões de pessoas que vivem em Gaza, que então já enfrentavam uma situação de insegurança alimentar aguda ou pior.
“Cada dia que passa estamos, obviamente, a caminhar para uma situação ainda mais catastrófica”, disse Abeer Etefa, a porta-voz do PAM para o Médio Oriente, numa videoconferência de imprensa em Genebra, Suíça, citado pela Lusa.
“O risco de focos de fome está sempre presente. Mais de meio milhão de pessoas em Gaza enfrentam níveis catastróficos de insegurança alimentar e o risco de fome aumenta todos os dias, uma vez que o conflito limita o fornecimento de ajuda alimentar vital aos necessitados”, sublinhou a porta-voz.
Israel entrou em guerra contra o Hamas depois de o movimento islamita palestiniano ter lançado um ataque sem precedentes no território israelita a 07 de outubro, matando cerca de 1.140 pessoas, segundo uma contagem da agência francesa AFP realizada com base em números oficiais israelitas.
Desde então, Israel tem bombardeado incessantemente a Faixa de Gaza e lançou uma ofensiva terrestre para “eliminar” o Hamas, matando pelo menos 25.490 pessoas no enclave palestiniano, cerca de 70% das quais mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo movimento islamita.
Segundo Abeer Etefa, cerca de 70% dos pedidos de entrega de alimentos no norte de Gaza foram rejeitados pelas autoridades israelitas.
As duas últimas entregas a norte, de 200 toneladas de alimentos para 15.000 pessoas, decorreram em meados deste mês.
“Trata-se de um número muito pequeno, de facto. É por isso que vemos as pessoas a ficarem mais desesperadas”, porque não sabem se e quando os camiões poderão voltar a passar, afirmou a porta-voz.
Desde o início de janeiro, entraram em Gaza mais de 730 camiões com mais de 13.000 toneladas de alimentos, segundo o PAM.