Investigadores utilizam algas para criar filete de robalo em laboratório 1472

Investigadores do Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, vão utilizar algas para criar filete de robalo em laboratório, a partir de impressão 3D.

A noticia foi avançada pelo portal da Universidade de Lisboa.

Um conjunto de 4 cientistas, do Instituto de Bioengenharia e Biociência (iBB), do Instituto Superior Técnico, estão a desenvolver o projeto Algae2Fish, que consiste em produzir o primeiro filete de peixe in vitro completo através de impressão 3D.

O projeto é liderado pelo professor Frederico Ferreira, docente do Departamento de Bioengenharia (DBE), Diana Marques, e os investigadores Carlos Rodrigues e Paola Alberte, investigadores do iBB e especialistas em bioengenharia e bioimpressão 3D.

Este foi desenvolvido à base de células estaminais de robalo e extratos de algas.

A ideia é reproduzir em laboratório um filete de robalo com as mesmas propriedades nutricionais e recriar a complexa textura fibrosa a que o nosso paladar está habituado, para ser o mais semelhante ao que tradicionalmente estamos habituados a comer.

Para além disso, a equipa de cientistas não esquece o valor nutricional do robalo. Este tem de ter conteúdo proteico, ómega-3, vitaminas, entre outros, assim como as propriedades organoléticas- textura e sabor – serão otimizadas para ser o mais próximo possível do filete tradicional.

As biotintas à base de algas, e que representam o componente principal do filete, foram desenvolvidas pela própria equipa.

É a partir destas biotintas que será possível criar os dois tipos de tecidos do peixe. Feitas à base dos polissacarídeos presentes em algas, as tintas vão manter as células vivas e suportar o seu crescimento, contendo os nutrientes e as proteínas que os peixes absorvem naturalmente quando se alimentam de algas.

Existem duas biotintas específicas: uma para a componente muscular e outra relativa à componente gordurosa do filete de peixe. Estas vão ser intercaladas nas proporções indicadas para criar uma estrutura semelhante ao filete tradicional.

Depois de impressas, as células ainda terão de se multiplicar, crescer na direção correta, ocupar o espaço que lhes está reservado, diferenciando-se entre si no tecido final. Para isso, após a impressão serão aplicados estímulos elétricos e bioquímicos que servirão para transformar as células estaminais embrionárias nos tecidos de músculo e gordura.

O projeto Algae2Fish, conquistou recentemente uma das 21 bolsas do Good Food Institute (GFI), uma organização não-governamental para alimentos sustentáveis, assegurando um financiamento de 215 mil euros.

O projeto arrancou oficialmente em dezembro de 2021, mas só daqui a 2 anos o protótipo de filete estará otimizado e poderá ser provado por um painel de pessoas.