30 de Maio de 2016 Investigadores da Universidade do Porto estão a colaborar num projeto para verificar o impacto dos hábitos alimentares no potencial reprodutivo masculino e o papel desempenhado pelas hormonas gastrointestinais na produção de espermatozóides. De acordo com Pedro Oliveira, investigador do Instituto e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), o que se tem verificado é que «as hormonas gastrointestinais funcionam como sensores energéticos no funcionamento das células que produzem espermatozoides», citou a “Lusa”. «Havendo alteração nessas hormonas, facto que se constata nos indivíduos obesos, altera-se também a produção», indicou o investigador, que faz ainda parte da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) e leciona no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). A obesidade é uma doença metabólica que promove «sérias disfunções hormonais», esclareceu Marco Alves, investigador do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) da Universidade da Beira Interior, que colabora neste projeto. «Muitas doenças acabam por se desenvolver como consequência do excesso de peso, algumas mais visíveis que outras», acrescentou o investigador, indicando que a infertilidade ou a baixa fertilidade são dois «potenciais» problemas de saúde que decorrem dessa patologia, com a «agravante de não serem detetados no imediato». Os resultados desta investigação, segundo aponta Marco Alves, podem ter «importantes implicações clínicas» e, em simultâneo, revelar «mecanismos e possíveis abordagens terapêuticas para o tratamento» desses problemas. Este projeto, intitulado Obesitility, surge no seguimento de um estudo desenvolvido pela equipa, no qual foram obtidos resultados com base em estudos efetuados em animais. Com um financiamento de 200 mil euros, atribuído pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para a realização deste projeto, a equipa começou agora a utilizar material humano, de forma a explorar os mecanismos moleculares que estão subjacentes às alterações verificadas nos modelos animais. As amostras estudadas, provenientes de indivíduos em idade fértil (não superior a 60 anos) com diferentes composições corporais, são coletadas em hospitais públicos e clínicas privadas da zona do Porto, colaboração que a equipa pretende expandir para outros centros médicos do país. Para a obtenção dos dados, os investigadores estão a estudar as hormonas grelina, leptina e peptídeo, responsáveis pela regulação da glucose no sangue, cujos níveis alteram-se na ocorrência de uma mudança significativa na composição corporal. A previsão é que o projeto Obesitility, iniciado em abril de 2016, finalize em 2019. O primeiro Simpósio Diabesidade e Fertilidade, organizado no âmbito do projeto, vai ser realizado a 22 e 23 de setembro, na Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do ICBAS. No evento vão estar presentes a Sociedade Portuguesa de Diabetologia, a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, a Associação Portuguesa dos Nutricionistas e Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal. |