Investigadores do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade (CISAS), do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), criaram uma sopa enriquecida com brássica (couve-galega), desidratada, que ajuda a colmatar as carências alimentares dos idosos.
A pesquisa foi feita com idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia do Porto, um dos parceiros do projeto, a quem foram feitos inquéritos para perceber a adesão à Dieta Atlântica e para conhecer os gostos, as preferências e os costumes dos idosos.
A avaliação do estado nutricional dos idosos foi realizada com a Universidade Católica do Porto, permitindo ao IPVC desenvolver “em laboratório um produto alimentar adequado às carências nutricionais detetadas – sopa enriquecida com farinha de brássica, um ingrediente de fácil incorporação numa receita base de sopa”.
De acordo com um comunicado divulgado, o IPVC indica que esta sopa foi desenvolvida ao abrigo do projeto Nutriage, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Interreg V-A España-Portugal (POCTEP) 2014-2020, com o objetivo de “criar soluções avançadas para melhorar a qualidade de vida dos idosos”, residentes em lares.
O “objetivo principal do projeto Nutriage foi assegurar um envelhecimento saudável através da avaliação, estudo e desenho de estratégias nutricionais personalizadas”, indica a nota.
Essas estratégias “foram fundamentadas na alimentação tradicional atlântica (Dieta Atlântica) e no desenvolvimento de novos produtos alimentares que otimizem o estado nutricional dos idosos e previnam o declínio funcional e cognitivo”.
“Esta sopa rica em nutrientes pode ser uma alternativa aos suplementos comerciais e aos alimentos de difícil mastigação ricos em fibra e proteínas”, explica a nota.
Um dos principais “componentes da sopa é a farinha de couve-galega (género Brássica), vegetal amplamente cultivado e consumido nas regiões do Norte de Portugal e Galiza e um componente tradicional da Dieta Atlântica”, indica o comunicado, acrescentando que o seu consumo “está associado ao efeito preventivo de algumas doenças crónicas, como cancro, aterosclerose e diabetes”.
“Estes efeitos benéficos foram atribuídos à presença de compostos bioativos com atividade antioxidante, como compostos fenólicos, carotenoides e flavonoides. Em alternativa à couve fresca, a couve desidratada pode ser uma boa fonte de proteínas, fibras e compostos bioativos e, portanto, pode ser usada para enriquecer matrizes alimentares”, explica O IPVC.
Para além disso, esta sopa “tem um alto teor de proteína e pode fornecer uma percentagem razoável das necessidades diárias de fibra para os idosos”.
Para além disso, “é rica em proteína e tem razoáveis percentagens de outros ingredientes, como por exemplo fibra, podendo facilmente colmatar essas deficiências”.
O enriquecimento da sopa foi também justificada com a necessidade de aproveitamento “dos habituais excedentes de produção de couves e de partes da folha que habitualmente são descartadas”.