Investigadores da UC desenvolvem intervenção psicológica inovadora que ajuda no combate à obesidade 1110


29 de janeiro de 2018

Investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveram e testaram a eficácia de uma intervenção psicológica inovadora, baseada em três componentes essenciais – mindfulness, aceitação e autocompaixão -, para diminuir o impacto do estigma internalizado na obesidade.

O programa, chamado Kg-Free, resulta de quatro anos de investigação e foi desenvolvido no âmbito do doutoramento de Lara Palmeira, orientado pelos professores José Pinto Gouveia, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCE-UC) e coordenador do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), e Marina Cunha, do Instituto Superior Miguel Torga.

Constituído por dez sessões semanais e duas quinzenais em grupo, o Kg-Free foca-se em promover comportamentos saudáveis e qualidade de vida e diminuir o impacto do estigma em relação ao peso em mulheres com excesso de peso e obesidade, lê-se num comunicado enviado pela instituição.

A intervenção aposta no mindfulness (um treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções), promovendo uma relação mais consciente com a alimentação, como, por exemplo, dando atenção aos sabores e textura dos alimentos. É também promovida uma relação positiva e flexível com a imagem corporal, peso e alimentação. A terceira componente trabalha a relação do “eu” e da autocompaixão, isto é, diligencia uma relação interna baseada numa atitude de compreensão, cuidado e suporte a nós mesmos quando falhamos ou quando as coisas correm mal.

O projeto, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), envolveu a participação de centenas de adultos com excesso de peso e obesidade, na sua maioria mulheres, em tratamento para perda de peso no distrito de Coimbra, destacando-se o estudo da intervenção Kg-Free em que participaram 60 mulheres adultas com excesso de peso ou obesidade.

Os resultados, afirma a investigadora Lara Palmeira, evidenciam que a «intervenção foi eficaz na promoção do bem-estar e da qualidade de vida e na diminuição de comportamentos alimentares perturbados, do estigma internalizado e do autocriticismo».

O programa Kg-Free «permitiu que as participantes desenvolvessem uma atitude mais saudável, flexível e positiva em relação ao seu peso e alimentação, promovendo uma alimentação mais consciente e saudável, bem como o desenvolvimento de uma visão do Eu mais positiva e menos crítica/hostil, focada no bem-estar e na persecução de uma vida com significado que vá para além do peso», explicita a investigadora do CINEICC.

As conclusões desta investigação chamam a atenção para a importância de complementar as tradicionais abordagens de combate à obesidade com uma intervenção psicológica.