Investigadores da i3S desenvolvem sistema para administração oral de insulina 702

Uma equipa de investigadores do i3S, em colaboração com o Hospital Universitário de Oslo, desenvolveu um sistema baseado em nanopartículas para a administração oral de insulina em pacientes com diabetes, com o objetivo de substituir as injeções de insulina e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com diabetes tipo 1.

Esta tecnologia consegue ultrapassar os ácidos do estômago e a barreira intestinal e chegar à corrente sanguínea com eficácia.

“Optámos por encapsular o fármaco, a insulina, em nanopartículas biodegradáveis por forma a que o medicamento chegasse nas melhores condições à corrente sanguínea. Estas nanopartículas são revestidas com albumina modificada, sendo direcionadas para um recetor específico. Este recetor, o FcRn, transporta albumina e IgGs humanos e permite-lhes escapar à degradação natural que ocorre no interior das células”, explicou Bruno Sarmento, líder do grupo Nanomedicines & Translational Drug Delivery e autor do artigo.

“Testámos primeiro em células (in vitro) e depois em ratinhos (in vivo) transgénicos a quem induzimos diabetes tipo 1 e verificámos que estas nanopartículas com albumina humana conseguem, numa hora, reduzir em 40 por cento os níveis de glicose. Este efeito acentuado é mantido durante 3 horas, sendo depois inferior até às 8 horas. O objetivo é que o fármaco seja libertado de forma controlada e prolongada para diminuir as administrações de insulina”, acrescentou a investigadora Cláudia Azevedo, primeira autora do artigo.

O próximo passo, para Cláudia Azevedo, é “melhorar o efeito e a durabilidade do fármaco no organismo mas, principalmente, tornar estas nanopartículas mais inteligentes, ao ponto de libertarem insulina consoante os níveis de glicose. Isso é possível colocando biossensores na superfície das nanopartículas”.