18 de janeiro de 2018 Investigadoras da Universidade Católica do Porto (UCP) estão a utilizar resíduos do tomate, da uva e da azeitona para criar produtos funcionais, com alto valor nutricional, que podem ser aplicados em farinhas, pães, temperos, charcutaria e lacticínios. O objetivo «é criar alimentos mais diversificados, com reforço de fibra e proteção antioxidante», com subprodutos representativos de culturas vegetais com impacto em Portugal, indicaram as responsáveis pelo projeto Veggyflours. Este projeto, que está a ser desenvolvido há quatro meses, surgiu a partir da vontade de Manuela Pintado, Tânia Ribeiro, Marta Coelho e Joana Costa, da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da UCP, em responderem às diferentes necessidades do consumidor, promovendo a sua saúde e qualidade de vida. Segundo explicaram à “Lusa”, estes produtos que estão a criar serão ricos em compostos bioativos, como a fibra e os carotenoides, que, em estudos realizados ao longo dos anos, têm demonstrado evidências na melhoria do trânsito intestinal, na recuperação desportiva, na regulação dos níveis de colesterol ou da função cardíaca. Além da riqueza em fibras e elevada capacidade antioxidante, os produtos que a equipa está a desenvolver são isentos de glúten e têm uma maior capacidade de conservação, o que se irá refletir nos alimentos nos quais forem incorporados. «Por fim, o concentrado de fibra antioxidante insere-se na nova tendência alimentar ‘Going full circle’ – Completando o ciclo, onde os consumidores valorizam, entre vários conceitos, questões como diminuição de desperdícios alimentares e a reutilizar subprodutos», contaram as investigadoras. De acordo com as investigadoras, um dos principais problemas enfrentados pela indústria alimentar é a acumulação e gestão dos seus subprodutos. «Apesar do seu elevado valor nutricional, atualmente as aplicações dos subprodutos são limitadas e não criam valor acrescentado para a indústria, gerando, pelo contrário, custos elevados na gestão de resíduos, e, em alguns casos, com impacto ambiental», indicaram. Devido a isso, consideram que é «imperativa» a procura e criação de novas alternativas, que tragam valor acrescentado aos subprodutos. «Disponibilizar os nossos produtos no mercado seria uma concretização pessoal, não só pela dedicação ao projeto, mas por acreditarmos que são uma forma sustentável de contribuir para a alimentação de uma população mundial crescente, que enfrentará, nos próximos anos, limitações de matérias-primas para a produção de alimentos», referiram. |