08 de setembro de 2017 Uma investigadora do Porto está a desenvolver uma ferramenta que deteta quando os utilizadores comem ou bebem e que emite “lembretes” informando-os quando devem voltar a fazê-lo, juntamente com indicações sobre a toma de medicamentos. O SmartReminders, pensado «para promover hábitos saudáveis junto de idosos autónomos que vivem sozinhos e isolados», engloba uma aplicação móvel e um conjunto de sensores, incorporados num dispositivo semelhante a um relógio ou uma pulseira, explicou à “Lusa” a investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Diana Gomes, responsável pelo projeto. Esses sensores conseguem detetar os períodos de refeição e ingestão de líquidos, baseando-se em dados associados aos movimentos do pulso do utilizador, enviando de seguida essa informação para uma aplicação móvel instalada nos smartphones dos utilizadores, explicou. Através da informação recebida, continuou a investigadora, a aplicação emitirá «lembretes», informando os utilizadores sobre os momentos em que devem fazer nova ingestão de líquidos ou alimentos. «Se o utilizador não beber nada durante muito tempo, um lembrete poderá persuadi-lo a beber um copo de água», indicou Diana Gomes. No caso da toma de medicamentos, caso tenha bebido antes de uma refeição, é provável que tenha tomado a sua medicação antes disso. No entanto, se não tiver bebido nada, será oportuno lembrá-lo de quais os medicamentos a tomar naquele momento, acrescentou. Esta tecnologia permite ainda aos cuidadores e profissionais de saúde que acompanham o idoso verificar o histórico de refeições e ingestão de líquidos. Questionada sobre a possibilidade de esses dados fornecerem informações incorretas acerca dos movimentos, a investigadora assegurou que o dispositivo é dotado de um algoritmo que foi concebido para despistar movimentos facilmente confundidos com os atos de comer e beber, mas que não o são. «O isolamento dos idosos potencia um conjunto de comportamentos de risco, como negligenciar refeições, beber água em quantidade insuficiente e assegurar o tratamento farmacológico de forma imprópria», referiu. Para a investigadora, este projeto pode ser uma solução tecnológica para «contrariar esse ciclo de condutas perigosas», promovendo comportamentos saudáveis, como o incentivo uma toma de medicação responsável, a uma ingestão de líquidos abundante e a manutenção de uma dieta adequada. O SmartReminders é um dos 14 projetos criados por alunos de diferentes faculdades com o apoio do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, sediado no Porto, no âmbito de uma iniciativa anual que lhes permite desenvolver o seu trabalho orientado para a criação de soluções práticas que contribuem para a qualidade de vida da população. Este projeto, que continua em desenvolvimento, contou com o apoio do professor João Mendes Moreira, da FEUP, e da investigadora Inês Sousa, da Fraunhofer Portugal AICOS. |