Investigação da Universidade do Minho traz novas perspetivas sobre as mudanças que o beber café regularmente tem no cérebro 576

Um novo estudo publicado na Molecular Psychiatry, oferece uma perspetiva única nas mudanças estruturais e de conectividade que acontecem no cérebro de quem bebe café regularmente. A investigação, liderada por Nuno Sousa (presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho e investigador do ICVS), percebeu que, quando em repouso, este grupo de pessoas tinham um reduzido grau de conetividade em duas áreas do cérebro (conhecidas como precuneus direito e insular direito), indicando efeitos como uma melhoria no controlo motor e nos níveis de alerta (ajudando na reação ao estímulo) em comparação com quem não bebe café.

Também foram encontrados padrões de maior eficiência noutras áreas do cérebro, como o cerebelo, consistente os efeitos já descritos como a melhoria do controlo motor. Além disto, houve ainda uma maior atividade dinâmica observada em várias áreas do cérebro, no grupo dos fãs de café, que permitiu juntar a estes efeitos uma notória melhoria na aprendizagem e na memória. Estas mudanças permitem ainda uma maior capacidade de foco.

“Esta é a primeira vez que o efeito que beber café regularmente tem na nossa rede cerebral é estudada com este nível de detalhe. Fomos capazes de observar o efeito do café na estrutura e na conetividade funcional do nosso cérebro, bem como as diferenças entre quem bebe café regularmente e quem não bebe café, em tempo real. Estas conclusões podem, pelo menos em certa medida, ajudar a oferecer uma visão mecanicista para alguns dos efeitos observados”, explica Nuno Sousa.

E depois de um copo de café? Estas diferenças no nosso cérebro, observadas entre quem bebe café regularmente, foram também notadas no grupo de pessoas que não bebe café após consumirem um copo de café. Este indicador surpreendente, demonstrou uma capacidade do café em impor mudanças em curtos períodos de tempo – e torna o café o gatilho dos efeitos.

A investigação foi conduzida por Nuno Sousa da Escola de Medicina da Universidade do Minho, usando uma tecnologia apelidada de ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla inglesa) por forma a comparar a estrutura e conetividade de um grupo de pessoas que bebem café diariamente com um grupo de pessoas que não bebem café. O projeto é apoiado pelo Institute for Scientific Information on Coffee.