O Instituto Ricardo Jorge identificou uma mudança de padrão da mortalidade visível após 2019, quer na mortalidade total, que aumentou, quer na mortalidade observada na maioria dos grupos etários.
Segundo o relatório de Monitorização da mortalidade 2022, elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e divulgado esta terça-feira, entre 2019 e 2020 observou-se “o maior aumento da taxa de mortalidade total” (em termos absolutos e relativos) registado na série analisada desde 1991.
Parte deste aumento, estará associado às alterações demográficas ocorridas no país, como aconteceu até 2019, mas o INSA aponta para um aumento da taxa de mortalidade além do que seria explicado por este fator, “dado o aumento da taxa de mortalidade em vários grupos etários, e o aumento da taxa de mortalidade padronizada”, cita a Lusa.
Após os dois anos de maior impacto da pandemia na mortalidade (2020 e 2021), a taxa bruta de mortalidade foi superior à registada em 2019, refere o INSA, que indica que tal é “especialmente marcado no grupo etário acima dos 85 anos”, embora também seja observável noutros grupos etários acima dos 55 anos.
Contudo, o INSA ressalva que os valores de 2022 são provisórios, pois os peritos que elaboraram o relatório usaram os dados da população dos Censos de 2021.
Excluindo o número de óbitos registados por covid-19 entre 2020 e 2022, a taxa de mortalidade total (bruta e padronizada) e em vários grupos etários não apresenta uma tendência crescente.
No entanto – referem os peritos – “não podemos considerar que a mortalidade total excluindo os óbitos covid-19 fosse a mortalidade esperada na ausência de pandemia”.
De acordo com o trabalho do INSA, que analisou o período entre 03 de janeiro de 2022 e 01 de janeiro deste ano, foram identificados quatro períodos de excesso de mortalidade a nível nacional, totalizando 6.135 óbitos em excesso, tendo-se registado um total de 124.602 óbitos em Portugal.