Instituto Europeu de Patentes apresenta em Lisboa uma nova plataforma para combater os incêndios
2022 foi um dos piores anos de que há registo em termos de incêndios na Europa. Os incêndios florestais danificaram mais de 830 mil hectares com um custo humano imensurável
Portugal foi o terceiro país mais afetado pelos incêndios florestais no ano passado
O IEP juntou-se ao INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial – e a outros institutos de patentes na Europa para lançar uma plataforma de partilha de conhecimento que providencia informação crucial na luta contra incêndios florestais
A Plataforma, apresentada numa conferência em Lisboa, permite uma navegação fácil e precisa da informação sobre patentes
Munique, 31 maio 2023 – No verão passado, mais de 830 mil hectares de terreno em toda a Europa foram devastados por incêndios florestais, quase um décimo da área total de Portugal. 2022 foi o segundo pior ano da Europa em termos de áreas ardidas e de número total de incêndios desde 2006, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS). Estes incêndios florestais custam à União Europeia 2,5 mil milhões de euros em prejuízos económicos e os custos humanos são imensuráveis. Para ajudar a aliviar a situação, o Instituto Europeu de Patentes (IEP) lançou uma nova plataforma para partilhar conhecimento e informação à escala mundial sobre patentes de tecnologias que permitem salvar vidas e terrenos na luta contra os incêndios florestais. A iniciativa foi apresentada esta semana na Conferência Internacional sobre Propriedade Industrial e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que teve lugar em Lisboa.
De acordo com as estimativas do EFFIS, Portugal foi o terceiro país da UE mais afetado em 2022 depois da Espanha e da Roménia, com mais de 112 mil hectares ardidos em mais de 1 200 incêndios. Foi a pior temporada de incêndios em Portugal desde 2017. Quase todos os danos ocorreram nos meses de verão de julho e agosto. Os dois maiores incêndios em Portugal mapeados pelo EEFIS ocorreram nas regiões das Beiras e Serra da Estrela em agosto, e cobriram mais de 15 mil e 10 mil hectares, respetivamente. Mais de um terço da área total ardida em Portugal ocorreu em áreas protegidas. Em resultado das alterações climáticas, a frequência e intensidade dos incêndios florestais está a aumentar. De acordo com o EFFIS, Portugal conta com a segunda maior área ardida na União Europeia em 2023, a seguir à Espanha.
A plataforma lançada pelo IEP foi criada para evitar a devastação de anos anteriores e ajudar tanto as autoridades como os governos locais a estarem preparados para atuar. As patentes publicadas e os pedidos de patentes são uma fonte valiosa de informação para os cientistas, engenheiros e governos. A informação sobre patentes permite informar os utilizadores as invenções já existentes e como esta informação pode levar a novas conclusões, descobertas e parcerias técnicas.
Durante a sua intervenção na conferência em Lisboa, o Presidente do IEP afirmou que “a sustentabilidade é um desafio que ultrapassa a classe, a política e a nacionalidade. Exige uma resposta formidável que apenas uma comunidade global unida consegue dar com a sua tecnologia, as suas soluções técnicas e a sua inovação”. Quanto à nova plataforma, António Campinos destacou que “o sucesso global na luta contra os incêndios depende do acesso ao know-how correto e à informação técnica compreendida nas patentes”. A nova plataforma compila cerca de 30 solicitações de informação sobre patentes para apoiar pessoas, governos, cientistas e engenheiros.”
Prevenção, proteção e recuperação
Esta nova Plataforma foca-se em quatro áreas principais: deteção e prevenção, extinção de incêndios, equipamento protetor e recuperação pós-incêndio. A área da extinção de incêndios é atualmente o setor com o número mais elevado de pedidos de patentes submetidos, à frente da área da deteção e prevenção, e da área do equipamento de proteção. A plataforma aloja uma vasta gama de inovações, desde IA e tecnologias aéreas a formações virtuais de combate a incêndios e materiais retardadores de chamas.
A Espacenet, plataforma que recolhe dados da base de dados pública do IEP, e contém mais de 140 milhões de documentos provenientes de 100 países, providencia um acesso rápido a informação crítica. Os examinadores do IEP uniram forças com examinadores de patentes com experiência nesta área, bem como analistas dos Institutos nacionais de patentes de Portugal, Espanha, França, Grécia e Itália para compilar consultas relevantes relacionadas com o combate a incêndios. É a terceira iniciativa do género desenvolvida pelo do IEP, depois das plataformas “Fighting Coronavirus” e “Clean energy technologies”.
Propriedade intelectual em foco na conferência internacional sobre sustentabilidade que teve lugar em Lisboa
A nova plataforma de combate a incêndios foi apresentada numa conferência internacional realizada esta semana em Lisboa, organizada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em colaboração com o IEP, a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO) e o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO). O evento híbrido, Conferência Internacional sobre Propriedade Industrial e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, reuniu cerca de 250 participantes de todo o mundo para analisar de que forma a propriedade intelectual pode promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS da ONU), ao incentivar e proteger a inovação e a obra dos inventores.
Durante a conferência, especialistas do IEP e do INPI apresentaram em conjunto a plataforma de combate a incêndios com uma demonstração ao vivo, exemplificando como é que a ferramenta pode ser utilizada por investigadores, cientistas, empresas e autoridades nacionais para desenvolver o seu trabalho.
O IEP apresentou também um relatório no qual destaca as suas atividades de partilha de conhecimento no âmbito das patentes relacionadas com sete ODS da ONU. A principal missão do IEP é providenciar um maior acesso e democratizar o conhecimento, uma vez que as patentes desempenham um papel crucial na promoção de soluções inovadoras para alcançar os ODS.
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Em 2023, o IEP celebra o 50º aniversário da fundação do sistema europeu de patentes. Quando 16 países assinaram a Convenção Europeia de Patentes (PCT), em Munique, a 5 de outubro de 1973, deram início a uma nova era de cooperação no que diz respeito a patentes. Assim foram estabelecidas as bases para um sistema de patentes que apoia os desenvolvimentos económicos e tecnológicos que moldaram as nossas vidas e continuam a fazê-lo até hoje. Descubra mais sobre a história do IEP e os eventos do aniversário planeados para 2023.
Sobre o IEP
Com 6300 membros, o Instituto Europeu de Patentes (IEP) é uma das maiores instituições de serviço público na Europa. Com sede em Munique, e escritórios em Berlim, Bruxelas, Haia e Viena, o IEP foi fundado com o objetivo de reforçar a cooperação em matéria de patentes na Europa. Através do procedimento centralizado de concessão de patentes, os inventores podem obter proteção de patentes de alta qualidade em até 44 países, abrangendo um mercado de cerca de 700 milhões de pessoas. O IEP é também a autoridade mundial líder na pesquisa de informação de patentes.