Instituto de Saúde Pública do Porto usa futebol para tratar doentes com diabetes 837

 

 

17 de outubro de 2018

O Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) desenvolveram um projeto, que usa o futebol como medicamento para tratar doentes com diabetes tipo 2, denominado o SWEET-Football.

 

Romeo Mendes, o investigador do ISPUP responsável pelo projeto, em declarações à agência “Lusa”, contou que o principal objetivo do SWEET-Football iniciado em setembro, é «avaliar a aplicabilidade e a segurança» daquela que é uma variante de futebol recreativo – o walking football.

 

«Tradicionalmente o tipo de atividades que estão ao dispor desta população e as soluções que a sociedade oferece não envolvem adequadamente as pessoas, que facilmente acabam por desistir da atividade. Quando queremos promover alterações de comportamentos na comunidade têm de existir motivações intrínsecas e extrínsecas que, de facto, alterem o estilo de vida das pessoas», adiantou.

 

O projeto SWEET-Football, desenvolvido com o apoio do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Porto Oriental da Administração Regional de Saúde do Norte, reúne cerca de 30 doentes com a diabetes tipo 2, com idades entre os 50 e 70 anos, das zonas de Paranhos e Arca d’Água, no Porto.

 

«Há uma maior prevalência da diabetes tipo 2 nos homens do que nas mulheres. Portanto, aproveitamos também o facto de no nosso país, o público masculino ter uma relação emocional e afetiva muito grande com o futebol, ou porque gostam do desporto, ou porque até já foram jogadores», esclareceu o investigador.

 

Os participantes são acompanhados por um treinador de futebol, por um fisiologista e um enfermeiro”, salientou.

 

«As únicas regras do walking football é que ninguém corre e não há contacto físico. Quem está com a bola sabe que ninguém vai tirar-lhe e isso foi fundamental para que estas pessoas aceitassem jogar futebol, visto que sentem que estão a praticar com segurança», explicou Romeo Mendes.

 

Os investigadores, que estão agora a recolher os principais resultados do projeto, vão no início do próximo ano «implementar pequenos projetos a nível nacional».

 

«Precisamos de envolver os centros de saúde, hospitais, clubes de futebol e municípios. Este é projeto perfeitamente possível, sem haver mobilização de verba financeira entre os centros de saúde, os recursos que já existem nos municípios e nos pequenos e médios clubes de futebol. O nosso grande objetivo para a próxima época desportiva é fazer uma expansão do walking football como medicamento», acrescentou.

 

Apesar da diabetes tipo 2 afetar sobretudo a população masculina, os investigadores estão também à procura de uma «solução para as mulheres», que poderá não passar pelo futebol, mas por outra modalidade mais «tradicional».