Quando cozinhadas, as larvas-de-farinha (Tenebrium molitor) podem adquirir um sabor semelhante à carne ou ao marisco, da mesma forma que promovem uma alternativa alimentar mais sustentável. É, pelo menos, o que dizem os resultados de um estudo apresentado pela Sociedade Americana de Química, que explica que o sabor das larvas-de-farinha, quando assadas ou fritas, se aproxima da carne ou do marisco.
Desta forma, os investigadores esperam que os insetos possam ser incorporados na alimentação humana, atuando como uma alternativa mais amiga do ambiente em relação à proteína animal.
In Hee Cho, da Universidade Wonkwang, na Coreia do Sul, afirma que “os insetos são uma fonte alimentar nutritiva e saudável com elevadas quantidades de ácidos gordos, vitaminas, minerais, fibras e proteínas de alta qualidade, tal como a carne”. A investigadora explica ainda que o interesse crescente nos insetos se deve-se “ao aumento do custo das proteínas animais, bem como às questões ambientais associadas”, pode ler-se no comunicado divulgado pela Sociedade Americana de Química.
Ocidentais ainda têm relutância aos insetos
No seu estado cru, algumas das larvas analisadas cheiravam a terra molhada, enquanto outras tinham um cheiro próximo do camarão ou do milho doce. Já nos insetos assados ou fritos, a conclusão foi de que o sabor era semelhante à carne ou ao marisco, com a adição de açúcar a tornar este sabor ainda mais evidente, devido ao processo de caramelização.
Apesar de serem apreciados em várias comunidades na Ásia, África e América do Sul, estes “superalimentos” são afastados pelos ocidentais, devido à aparência destes insetos. Em 2021, a União Europeia aprovou a farinha de Tenebrium molitor (à base de insetos) como um alimento humano.
No mesmo sentido, o português Carlos Gonçalo das Neves disse à VIVER SAUDÁVEL: “Não vamos conseguir produzir mais comida sem recorrer a novas formas de produzir e a novos produtos”. O diretor de pesquisa e internacionalização do Instituto Veterinário Norueguês, que em novembro assumirá o cargo de Cientista-Chefe da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar afirmou, numa entrevista que poderá ler brevemente, que insetos e algas passarão a ter um papel maior na alimentação humana.