De acordo com especialistas da Universidade de Loughborough, as embalagens de alimentos deveriam mostrar quanto tempo de exercício é necessário para queimar as calorias contidas no produto.
Estes cientistas debruçaram-se sobre 14 estudos, e constataram que se os rótulos tivessem essa informação, poderia-se diminuir em cerca de 200 calorias a ingestão média diária das pessoas.
Ter esta informação disponível nos rótulos pode levar a uma maior consciência sobre as escolhas alimentares que cada um faz na hora da compra. Por exemplo, saber que é preciso uma caminhada de meia hora para gastar as calorias de um chocolate, ou quatro horas de caminhada para gastar as calorias de uma pizza pode influenciar o que cada um compra e consome.
Por isso, a equipa de cientistas procedeu à análise de milhares de produtos com o fim de compreender se o consumidor comum consegue interpretar a informação calórica de cada alimento, e mais importante ainda, se sabe agir de acordo com o que lê.
A líder do estudo, Amanda Daley, num artigo publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, indica que um dos objetivos será “fazer com que o cidadão comum leia e interprete corretamente a informação das embalagens e, como consequência, se tornem fisicamente mais ativos”.
“Nós sabemos que a população costuma subestimar o número de calorias contido nas comidas”, afirma.
Os responsáveis por este estudo defendem mesmo que essa informação teria um impacto significativo nos níveis de obesidade. Consciencializar os consumidores para as consequências de comer sem saber interpretar os rótulos e de não praticar o exercício físico necessário para “abater” as calorias consumidas, pode influenciar os consumidores e fazer com que tomem decisões mais saudáveis.
Quem apoiou este estudo e a inclusão destas informações nos rótulos, foi a Royal Society for Public Health.
“Esse tipo de rotulagem realmente coloca o consumo calórico individual contextualizado com o gasto de energia”, declarou a entidade.
“Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença no consumo de calorias e, em última análise, no ganho de peso.”
Já Tom Quinn, da organização de caridade Beat, que lida com transtornos alimentares pede algum cuidado com a informação que se possa colocar nos rótulos.
“Ainda que nós reconheçamos a importância de reduzir a obesidade, rotular alimentos dessa forma pode ser um gatilho terrível para aqueles que sofrem ou estão vulneráveis a transtornos alimentares”, defende.
“Nós sabemos que muitas pessoas com transtornos alimentares acabam fazendo exercício de forma compulsiva, então dizer exatamente o tempo de exercício necessário para queimar calorias pode agravar esses sintomas”, concluiu Tom Quinn.
Os responsáveis por este estudo aguardam agora que alguma rede ou empresa de alimentos esteja disposta a testar embalagens do tipo em seus produtos, para que o sistema possa ser avaliado na “vida real”.