22 de novembro de 2017 A indústria do açúcar norte-americana ocultou indícios dos malefícios da sacarose na saúde há cerca de 50 anos, defendem cientistas num estudo publicado ontem na revista “PLOS Biology”. Investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, reanalisaram documentos internos da indústria do açúcar e descobriram que a Fundação para a Investigação sobre o Açúcar, a “voz científica” das empresas do setor na década de 60, financiou estudos com ratos para avaliar os efeitos da sacarose no coração e nos vasos sanguíneos. Em 1968, a fundação, que nesse ano adotou a designação de Fundação Internacional para a Investigação sobre o Açúcar, deixou de apoiar um projeto científico, sem que os resultados preliminares fossem divulgados, quando os dados apontavam para uma ligação entre o consumo de açúcar e as doenças cardíacas e o cancro da bexiga. Numa análise anterior dos documentos, a equipa da universidade californiana tinha verificado que a instituição financiara em 1967 um estudo que minimizava indícios a sugerirem que a ingestão de sacarose causava doença coronária. No artigo publicado, os cientistas sustentam que o setor açucareiro parou, na época, o financiamento da investigação para proteger os seus interesses comerciais. “Este tipo de manipulação da investigação é semelhante ao que a indústria do tabaco faz”, afirmou um dos autores do artigo, Stanton Glantz, citado num comunicado do grupo de publicações científicas “PLOS”. |