Três anos volvidos sobre o inicio do “Imposto Coca-Cola”, os nutricionistas dão uma avaliação positiva a esta medida, que acreditam ser capaz de contrariar os índices de obesidade infantil.
Numa entrevista à TSF, a coordenadora do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), Maria João Gregório, defende que o imposto sobre as bebidas açucaradas está a ter impacto nos hábitos alimentares da população, especialmente entre crianças e jovens.
Esta é “uma medida que tem mostrado, através dos estudos de avaliação que temos conduzido, que funciona e funcionou e tem funcionado na modulação do consumo alimentar dos portugueses, em particular junto dos mais jovens, crianças e adolescentes”, afirmou Maria João Gregório à TSF.
A coordenadora do PNPAS avança ainda que “se estas bebidas têm vindo a reduzir a quantidade de açúcar, o que é certo é que por este meio tem havido redução do consumo. (..) Poderemos dizer que esta medida estava a ser eficiente, tínhamos dados para isso e ela tem de voltar a ser avaliada. E é momento de voltarmos a avaliar os hábitos alimentares dos portugueses. Urge a realização de um novo inquérito alimentar nacional para desenharmos medidas para os hábitos alimentares dos portugueses neste momento em concreto.”
Sobre este tema a TSF contactou a Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas (PROBEB), que representa os produtores. Estes confirmam que as bebidas têm cada vez menos açúcar e que há mesmo o risco do imposto se tornar obsoleto por isso.
“Entre 2017 e 2020 reduzimos mais de 10% [o teor de açúcar]. Foi uma aposta estratégica do setor no sentido de reformular produtos e incentivar opções com menos açúcar. Todos os anos há redução de açúcar nas bebidas, nalguns produtos, há transferências de consumo de umas categorias para as outras e tudo isso resulta num teor médio de açúcar mais reduzido. Acreditamos que um dia este imposto será obsoleto e não fará qualquer sentido”, explicou Francisco Mendonça, secretário-geral da PROBEB.
Outro dos ouvidos sobre este tema foi João Breda, nutricionista que trabalha na Organização Mundial de Saúde. O nutricionista destaca que esta pode ser mais uma das medidas a colocar Portugal como exemplo do combate à obesidade infantil.
“Portugal investiu bastante em políticas relacionadas com a obesidade infantil. Já foi um dos países com prevalências mais elevadas e hoje em dia está a meio da tabela europeia. Há uma progressão muito positiva e várias vezes a OMS tem vindo a descrever o sucesso de Portugal nesta matéria. Normalmente nem nos pronunciamos muito sobre os resultados de políticas adotadas pelos países, mas neste caso há um sucesso muito claro”, concluiu João Breda.