A infertilidade é uma jornada com diferentes fases, mas com um aspeto comum entre elas: o impacto incontornável na saúde mental. Considerada como um problema de Saúde Pública pela Organização Mundial da Saúde, esta é uma doença que afeta cada vez mais pessoas a nível mundial. A não concretização do desejo da parentalidade e os inúmeros períodos de espera, para saber o resultado dos tratamentos de fertilidade, surgem como potenciais ameaçadores do bem-estar psicológico.
A infertilidade é caracterizada como a incapacidade de um casal alcançar a gravidez desejada após, pelo menos, um ano de relações sexuais regulares sem qualquer contraceção. Esta doença e as implicações do seu tratamento médico tendem a originar respostas emocionais de stresse, ansiedade, vulnerabilidade, medo e perda, podendo mesmo chegar a níveis mais acentuados como a depressão.
Contudo, há diferentes respostas emocionais em função da fase do tratamento em que as pessoas se encontram. Por exemplo, a punção ovárica e a transferência de embriões são, tendencialmente, as etapas mais referidas como indutoras de stresse e de ansiedade, uma vez que estão associadas a períodos de tempo em que se espera por resultados importantes. Segundo a psicóloga Ana Galhardo, “estas dificuldades emocionais muitas vezes levam ao abandono precoce dos tratamentos”. “Tendo em conta a carga negativa que a infertilidade acarreta para a relação conjugal, muitos são os casais que se sentem demasiado ansiosos ou deprimidos para continuarem”, acrescenta.
Embora não exista ainda um programa de acompanhamento psicológico especificamente direcionado para estas pessoas, já existem algumas estruturas de apoio psicológico disponíveis, como a app “My Journey”, uma app de autoajuda. Ana Galhardo, que é uma das psicólogas e investigadora envolvida no desenvolvimento desta plataforma, caracteriza-a como “uma companheira de viagem neste processo de adaptação psicológica de pessoas que não concretizaram o seu desejo de ter um filho”. Após uma primeira fase de utilização para perceber a sua viabilidade, “foi possível entender que as pessoas que utilizaram a app aumentaram significativamente os seus níveis de bem-estar”, explica.
Ana Galhardo acrescenta ainda que o apoio psicológico promove “a normalização de estados emocionais e formas mais adaptativas de lidar com as preocupações, dúvidas e expectativas, a par da aceitação.” Esta é igualmente uma altura de grandes decisões, pelo que o apoio também “ajuda a clarificar valores ou a lidar com situações em que os tratamentos não foram bem-sucedidos”, conclui. Além disso, um maior acompanhamento permite identificar as pessoas que apresentam maior vulnerabilidade para o surgimento de depressão ou ansiedade com relevância clínica.
Perante a enorme importância que o apoio psicológico tem na luta contra a infertilidade, a APFertilidade conta com uma vasta rede de psicólogos com formação e experiência específicas nesta área, que podem ajudar as famílias, os casais ou as pessoas que pretendem realizar este sonho.