27 de Setembro de 2016 Os resultados preliminares de um estudo mostram que a maior parte dos idosos sofre de défice de vitamina D, de excesso de peso ou obesidade, grande parte está desidratada e a esmagadora maioria consome demasiado sal. O projeto Nutrition UP –Nutritional Strategies Facing and Older Demography, que avaliou 1.500 idosos (nenhum deles internado ou a residir em lares), vai ser apresentado amanhã no Porto. Após a análise das amostras de sangue e urina concluiu-se que mais de dois terços (68,9%) dos idosos apresentavam deficiência de vitamina D, resultado que mais preocupa os responsáveis deste projeto, desenvolvido pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto com o financiamento da Islândia, Liechtenstein e Noruega, através dos EEA Grants. «A vitamina D é muito importante para que o cálcio seja bem absorvido e depois incorporado no tecido mineral ósseo», explicou ao jornal “Público” Nuno Borges, um dos investigadores do Nutrition UP 65, lembrando que pode ser sintetizada através da exposição solar, mas que este efeito apenas é passível de ser produzido entre maio e setembro. O problema, frisa Nuno Borges, é que a exposição solar prolongada tem sido desaconselhada por poder causar, a longo prazo, melanoma, a forma mais grave de cancro de pele. O consumo de sal também se revelou preocupante após a análise desenvolvida. O estudo revelou que 85% dos inquiridos consumiam sal em excesso e, especialmente os homens, com uma proporção mais elevada do que as mulheres (91,8% e 80,4%, respetivamente). Preocupante é também o facto de uma fatia significativa dos inquiridos – mais de um terço – estar desidratado. Pela positiva, e quanto à desnutrição, foi encontrado um valor relativamente baixo (perto de 15% dos inquiridos encontravam-se em risco de desnutrição e apenas 19 pessoas estavam mesmo desnutridas). «O risco de desnutrição está mais ou menos em linha com os resultados de outros países europeus», sublinha Nuno Borges. Já a proporção de idosos com excesso de peso ou obesidade é extremamente elevada, com valores muito acima dos encontrados para a população adulta em geral em Portugal. Mais de 44% apresentava excesso de peso e 38,7% era mesmo obeso. «O que é impressionante é que encontramos pessoas obesas em risco de ficar desnutridas», destaca o investigador. Pode parecer um paradoxo, mas não é. «São pessoas que comem por exemplo muitas bolachas e pão, bebem muito álcool», ilustra. |