Um investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) integrou a equipa que identificou mecanismos do envelhecimento que ajudam a transformar as células do sistema imune em células cancerígenas, foi revelado no passado sábado (10).
Em comunicado, a que a Lusa teve acesso, o instituto da Universidade do Porto esclarece que o investigador José Pedro Castro integrou a equipa de cientistas da Harvard Medical School que desvendou os mecanismos do envelhecimento que dão origem a linfomas de células B.
A investigação, publicada na revista Nature Aging, “abre portas a novas estratégias farmacológicas de prevenção”.
Comparando os genes de animais novos e animais velhos com e sem linfoma, os investigadores descobriram que “com o envelhecimento forma-se um subtipo de células B que são maiores e mais clonais (homogéneas)”.
Citado no comunicado, o investigador José Pedro Castro explica que a formação deste subtipo de células B acontece em duas fases.
Numa primeira fase, as células normais do sistema imune passam a células ABC, isto é, células associadas ao envelhecimento, e depois, ao interagirem entre si e transformarem-se em ACBC (células B clonais envelhecidas) possuem “todo um programa de cancro”.
“São células biologicamente muito mais envelhecidas que a idade do próprio animal e têm capacidade de divisão, proliferação e invasão de outros tecidos, são também altamente inflamatórias e isto é um grande problema para os tecidos”, indica.
Para comprovar as características destas células, os investigadores injetaram-nas em ratinhos novos que, como consequência, “morreram precocemente com cancro”.
“Foi incrível constatar que começaram a morrer 30 dias após a injeção e dois meses e meio após o início da experiência, apenas 50 por cento dos animais estavam vivos”, conta José Pedro Castro.
Posteriormente, os investigadores recorreram a dados genómicos publicamente disponíveis de sangue e outros tecidos humanos, e encontraram “as mesmas assinaturas ACBC a aumentarem com a idade, especialmente em indivíduos com elevada clonalidade de células B”.
Tal, acredita José Pedro Castro, “pode abrir caminho para novos biomarcardores de cancro ou outras doenças do envelhecimento”.