Medida proposta pela Ordem dos Nutricionistas (ON), foi esta quarta-feira publicado pela secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, o Despacho n.º 9984/2023, que alarga a identificação sistemática do risco nutricional a todos os níveis de cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Como todas as propostas feitas, não representa só propor”, assegura a bastonária da ON, Alexandra Bento, em declarações à VIVER SAUDÁVEL. “Representa propor, defender, dialogar, negociar, evidenciar. Pois como ponto de partida há que demonstrar a evidência dos ganhos em saúde de um rastreio sistemático do risco nutricional nos vários níveis de cuidados, e subsequentemente, que modelo deveria ser adotado”, explica a representante dos Nutricionistas, ao lembrar o trabalho feito junto da Secretária de Estado e da Direção Executiva do SNS.
A responsável havia também partilhado “com muita satisfação” a novidade nas suas redes sociais, onde falou em “mais um passo na defesa dos interesses dos cidadãos, no que respeita aos cuidados nutricionais em todos os níveis de cuidados, e também, na defesa dos interesses dos nutricionistas”.
Serão contemplados os Cuidados de Saúde Primários, os doentes oncológicos acompanhados em contexto de ambulatório nos estabelecimentos hospitalares e os utentes das unidades de cuidados continuados que integram a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. O Despacho descreve um modelo de integração de cuidados para esta área, os níveis de prestação de cuidados e os diferentes profissionais da equipa.
Enquadrada na nova organização do SNS, a efetividade do Despacho possibilita a identificação precoce do risco de desnutrição e subsequente referenciação para uma avaliação nutricional com maior detalhe, para que se perceba quem pode beneficiar de um plano de cuidados nutricionais, uma vez que a identificação precoce permite minimizar complicações associadas à desnutrição e consequentes cuidados de saúde.
Manual técnico a cargo do PNPAS
O Plano Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) será responsável por desenvolver um manual técnico de apoio à implementação deste Despacho, incluindo os modelos de aconselhamento breve previstos, e que dá resposta às medidas definidas no PNPAS 2022-2030, que prevê uma implementação da identificação sistemática do risco nutricional e da respetiva intervenção em todos os níveis de cuidados.
“A publicação deste despacho é um grande passo para termos mais e melhores cuidados nutricionais no SNS”, garante à VIVER SAUDÁVEL a diretora do PNPAS. Maria João Gregório considera que esta abordagem integrada de intervenção “apresenta um dos aspetos mais importantes deste documento”, com “ganhos em saúde”.
“Já o sabíamos antes, mas com a implementação da identificação sistemática do risco nutricional nos cuidados hospitalares desde o ano 2019, foi muito clara a necessidade de um modelo de prevenção, identificação, diagnóstico e tratamento da desnutrição transversal a todos os níveis de cuidados”, refere.
Explica ainda que o internamento hospitalar “não permite corrigir as situações de risco nutricional ou de desnutrição identificadas nos hospitais e obriga a uma continuidade de cuidados pós-alta hospitalar”. Por outro lado, “se quisermos ter um modelo de intervenção mais focado na prevenção, temos que envolver também os cuidados de saúde primários neste processo. E foi isso que foi feito neste despacho”, diz.
O PNPAS será ainda responsável por acompanhar a implementação do Despacho nas unidades de saúde. Aceda ao documento publicado em Diário da República esta quarta-feira aqui.