Hormona testada contra obesidade pode piorar infeções 1005

Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência descobriram que uma hormona que a indústria farmacêutica está a estudar para tratar a obesidade, denominada por GDF15, diminui a resistência do organismo às infeções provocadas por bactérias.

A investigação foi publicada na revista científica da “Academia Nacional das Ciências” norte-americana, e conta com a participação de cientistas em França, na Alemanha e na Coreia do Sul.

Esta descoberta advém de um estudo, coordenado por Luís Moita, que mostra como “numa altura em que muitos grupos e empresas farmacêuticas diferentes estão a considerar a administração de GDF15 como uma possível terapia complementar na obesidade, é importante ter em conta que esta estratégia terapêutica pode aumentar o risco de infeção grave, incluindo sépsis”, uma doença potencialmente fatal caracterizada por uma “resposta desregulada do organismo a uma infeção levando ao mau funcionamento dos órgãos”.

Usando amostras de sangue de doentes com sépsis e de outros saudáveis, concluíram que “os pacientes com sépsis tinham níveis mais aumentados de GDF15 em comparação com os outros grupos, e que os níveis mais elevados dessa hormona se correlacionavam com a mortalidade”.

Os ratos que não tinham a hormona, sobreviviam “melhor a uma infeção bacteriana abdominal que imita a sépsis em pacientes humanos”. Estes conseguiam “recrutar substancialmente mais glóbulos brancos, especificamente neutrófilos, para o abdómen, controlando assim melhor a infeção localmente e impedindo que esta se alastrasse rapidamente para o resto do organismo”, indica a nota divulgada do Instituto.

Os cientistas descobriram que a hormona, cuja presença no corpo aumenta em casos de obesidade, doenças pulmonares ou cardiovasculares, tem “um efeito crítico na infeção”.

Os resultados deste estudo apontam para a possibilidade de haver um novo tratamento para a sépsis com um anticorpo monoclonal bloqueador que iniba a ação do GDF15.

Lembrar que a sépsis afeta milhões de pessoas todos os anos, estimando-se que seja responsável por 20 por cento das mortes por ano em todo o mundo.