A Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) alerta, após resultados do estudo de Saúde nacional EpiReumaPt, que o número de doentes com fibromialgia tem aumentado e que a prevalência estimada em Portugal é de 1.7 % (1.3 a 2.1%), sendo mais prevalente no sexo feminino do que no sexo masculino.
Em comunicado, a SPR explica que a fibromialgia se caracteriza “por uma síndrome polialgico difuso, ou seja, por dor crónica generalizada, não apenas articular, mas também muscular e a nível tendinoso, associada a sono não reparador e cansaço”. Os sintomas passam, entre outros, pela dificuldade de concentração, défice de atenção e alterações ligeiras da memória.
A doença “pode ainda associar-se a depressão e/ou ansiedade, e há outras queixas a nível físico que são muito frequentes, como dor abdominal e alterações do trânsito intestinal (no contexto de síndrome do cólon irritável), prurido (comichão), parestesias (sensações de dormência ou formigueiro) e mesmo o fenómeno de Raynaud (alteração da coloração das extremidades, sobretudo dos dedos da mão, com a exposição ao frio, tornando-se pálidos, de cor azulada ou ruborizada)”, lê-se ainda.
Susana Capela, reumatologista do Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte pós-graduada em Ciências da Dor, acrescenta: “tendo em conta que o diagnóstico de fibromialgia é clínico e na maioria dos casos os exames complementares de diagnóstico não demonstram alterações, os doentes podem passar vários anos com sintomas até ao diagnóstico correto. Este atraso no diagnóstico torna mais difícil a resolução dos sintomas, havendo uma maior refratariedade à terapêutica”.
Para além disso, também “deve ser dada atenção a situações de insónia e alterações do padrão do sono, alterações cognitivas minor, nomeadamente as que se repercutem a nível laboral, e instalação de cansaço crónico que interfira com a qualidade de vida do doente”. A abordagem precoce destas situações “pode impedir a progressão para fibromialgia, sendo fundamental o diagnóstico precoce”.
O tratamento da fibromialgia “deve ser holístico e multimodal, intervindo a nível não farmacológico e farmacológico com múltiplos fármacos, de forma a controlar os sintomas. A compreensão e o conhecimento da doença pelo próprio doente e suas famílias, e de potenciais fatores desencadeantes de crise como o stress, também são úteis na gestão da doença, pelo que a educação é a base do tratamento”, conclui a sociedade.