A AstraZeneca acaba de lançar um Guia Prático Cardiovascular, dirigido aos médicos de Medicina Geral e Familiar e que reúne, ao longo dos capítulos divididos por patologias, um conjunto de sugestões de normas para a referenciação dos doentes cardiovasculares para a consulta hospitalar da especialidade, bem como uma abordagem clínica, no âmbito dos cuidados de saúde primários, para um diagnóstico diferencial e acompanhamento crónico mais eficiente, se necessário.
Rui Baptista, cardiologista, explica que “muitas vezes, quando um médico de família está a ver um doente numa consulta, e existe um sintoma cardiovascular, pode haver dúvidas relativamente não só à significância desse sintoma, dessa queixa cardiovascular, mas também ao plano estratégico de diagnóstico e terapêutica a aplicar a esse doente. O Guia vem tentar dar resposta a esses critérios de referenciação. Isto porque uma má referenciação ou uma referenciação tardia pode ser perigosa para o doente. Por outro lado, uma referenciação sem indicação faz o doente perder tempo e também não é adequada”.
Assim, este Guia pretende ajudar a “adequar o mais possível a referenciação dos doentes às expectativas quer dos médicos de família, quer dos doentes, quer dos cardiologistas a nível hospitalar. Se nós tivermos os doentes mais adequadamente referenciados, naturalmente que quer a priorização clínica, que é feita na triagem das consultas, quer a longo prazo, provavelmente o processo melhorará para aqueles que realmente precisam, com aqueles que não precisam a ficarem nos centros de saúde. Além disso, há ainda o seguimento dos doentes pós-alta hospitalar. Muitos dos que estão em consulta de cardiologia acabam por ter alta e o plano de seguimento para o pós-alta em cuidados de saúde primários não é muito claro. O Guia tenta dar um plano de seguimento mais ou menos claro e de re-referenciação. Ou seja, um doente é devolvido à medicina geral e familiar, mas pode voltar a ter indicação para ser visto pelo cardiologista e aí o Guia também dá indicações nesse sentido, sobre quando o doente deve ser reenviado à cardiologia”.
Contudo, Rui Batista acrescenta que “naturalmente que isto é um processo profundamente subjetivo e o Guia, o que vem tentar fazer é, de certo modo, tornar esta decisão um bocadinho mais objetiva e menos heterogénea entre os vários referenciadores e hospitais, sendo apenas uma proposta”, pelo que, na introdução do próprio é recomendada a validação das recomendações com o hospital de referência, bem como a leitura das respetivas guidelines internacionais e nacionais.
O Guia Prático Cardiovascular, apresentado no Congresso Português de Cardiologia, teve por base o artigo “Practical approach to referral from primary health care to a cardiology hospital consultation in 2022”, desenvolvido por quatro especialistas em Cardiologia e três especialistas em Medicina Geral e Familiar, e que teve como objetivo descrever uma abordagem prática às patologias cardiovasculares mais frequentes que podem requerer uma referenciação para consulta hospitalar. Este documento tem o apoio científico do Grupo de Estudos de Doenças Cardiovasculares da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e encontra-se disponível no site SaúdeFlix, aqui – https://saudeflix.pt/guia-pratico-cardiovascular/?utm_source=imprensa&utm_medium=comunicado&utm_campaign=guia_cv.