Graça Machel defende plano alimentar em Moçambique baseado no número da população 751

27 de Maio de 2016

A ativista social moçambicana Graça Machel apontou ontem a planificação da produção de alimentos em função do número da população como a única condição para a superação dos níveis de desnutrição em Moçambique.

«Enquanto nós não planificarmos a produção em função da população não podemos falar da nutrição», disse a ativista moçambicana, falando durante o lançamento de um estudo sobre os desafios da segurança alimentar em Moçambique.

Para Graça Machel, a nutrição deve ser um tema central de qualquer Governo no que respeita à planificação de desenvolvimento e uma condição para o crescimento económico.

«Não podemos pensar em desenvolvimento económico com pessoas mal nutridas», defendeu a ativista, argumentando que o aumento da produtividade e da produção passa pela existência de um bom capital humano, citou a “Lusa”.

Considerando que a superação dos níveis de desnutrição em Moçambique depende de todo o Governo, a antiga ministra da Educação disse que a comercialização de alimentos não pode ser deixada simplesmente a cargo de vendedores informais.

«Sem uma boa estratégia para combater a desnutrição, Moçambique nunca vai superar a pobreza», declarou, lembrando que boa parte da mortalidade infantil no país está associada à má-nutrição.

Destacando a importância de uma estratégia completa, que acompanhe o indivíduo desde o seu nascimento, a ativista associou a fraca produtividade nas empresas moçambicanas a baixas habilidades intelectuais, consequência da falta de consumo de alimentos nutritivos.

«Em muitos casos, as pessoas não têm energia nem capacidade para produzir», lamentou, referindo que, nestas condições, Moçambique não será capaz de competir no mesmo nível com outros países do Mundo e assinalando importância do envolvimento das escolas na promoção de boas práticas de nutrição.

O estudo, realizado pelo Observatório do Meio Rural, indica que um terço das famílias em Moçambique sofrem de insegurança alimentar crónica, numa situação em que o baixo rendimento é apontado como uma das principais causas e que afeta principalmente o meio rural.

As crianças são a camada mais afetada pela desnutrição crónica no país e 48% delas sofre com este problema, segundo a pesquisa.