A Diretora-geral da Saúde quer que o hábito das caminhadas passe a ser regular na população portuguesa. Portugueses vivem 88% dos seus anos com incapacidade devido a doenças crónicas.
A esperança média de vida à nascença continua a aumentar na Europa – nos últimos cinco anos conquistou-se um ano de longevidade no espaço europeu e, em Portugal pode chegar 81,3 anos. No entanto, apesar de viverem mais, os portugueses não estão a envelhecer melhor, pelo contrário. Em 1995 os portugueses podiam contar 8,3 anos de vida saudável após os 65 anos de idade e em 2015, o último ano com dados conhecidos, esse período baixou para sete, como noticia o jornal “I”.
O ponto de situação foi delineado por Miguel Telo de Arriaga, chefe de divisão de literacia, saúde e bem-estar da DGS, na apresentação do Plano de Ação para a Promoção da Literacia em Saúde da DGS para os próximos três anos. O indicador da esperança de vida saudável, em que Portugal é das piores a nível europeu, não é o único que pretendem mudar.
O plano assenta em quatro eixos de objetivos e a ideia é a generalização no que toca ao acesso a informação e meios que possam contribuir para mais saúde, refere a fonte. O primeiro objetivo passa por fomentar a adoção de estilos de vida saudáveis, estando previstas intervenções em várias áreas. No topo das prioridades surgem alimentação e atividade física. «São os dois fatores que mais influenciam a nossa saúde e que nos tiram saúde» disse à fonte Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde reconhece que há muitos trabalhos em curso nesta área, mas reforça que é preciso «focar» os esforços. Como exemplo refere parcerias com autarquias, para criar um ambiente mais favorável à prática de exercício, com ciclovias, mas também a aposta na comunicação são alguns dos caminhos em vista. «Queremos resultados duradouros e que não sejam modas, de a pessoa fazer exercício três meses e depois deixar. Gostava que nos tornássemos mais como os países nórdicos. As pessoas começam desde muito cedo a ter uma alimentação saudável e uma prática natural de atividade física. Não é um sacrifício nem uma obrigação, é uma coisa que se faz instintivamente», reconhece Graça Freitas.
Questionada sobre os projetos nos EUA que estudam a vantagem de comparticipar alimentos saudáveis, Graça Freitas admite que poderá ser uma experiência a aplicar-se a Portugal.
Ao longo dos próximos três anos, está prevista a implementação de estratégias direcionadas para as diferentes faixas etárias, em articulação com os diferentes ministérios. Alterar o tempo dedicado à educação física nas escolas é um dos caminhos traçados pela diretora da DGS. Além da promoção de estilos de vida saudáveis, os objetivos do plano incluem a educação da população para a utilização adequada do SNS, a promoção do bem-estar na doença crónica e também investigação sobre os níveis de literacia em saúde da população portuguesa.
Os grupos mais vulneráveis, que incluem pessoas com mais de 65 anos, com doenças crónicas e baixos rendimentos, 60% têm níveis de literacia insuficientes.