Geração de 1990 está mais alta que os seus pais, revela estudo 787

Adultos nascidos na década de 1990 são, em média, mais altos do que os progenitores, e o maior crescimento foi registado em famílias com historial socioeconómico desfavorável. De acordo com uma investigação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), as mulheres cresceram mais 1,46 centímetros do que as suas mães e os homens mais três centímetros do que os seus pais.

Este é o primeiro estudo conduzido até à data, em Portugal, a avaliar as diferenças entre uma geração e a dos seus pais – descrevendo diferenças entre homens e mulheres, separadamente – e a sua relação com fatores socioeconómicos.

Fatores socioeconómicos como o grau de escolaridade e a profissão afetam os comportamentos e ações dos pais no que diz respeito à alimentação, hábitos tabágicos e acesso aos cuidados de saúde, entre outros. “Este contexto poderá limitar o crescimento máximo dos seus filhos, ao condicionar o seu potencial genético”, lê-se no estudo.

Assim, sublinham os investigadores, fatores como o acesso a uma melhor alimentação, a melhores cuidados de saúde e com a diminuição da exposição a doenças infecciosas, devido à melhoria das condições higienossanitárias tiveram um efeito nas gerações mais novas. A altura é, deste modo, “um indicador de saúde da população e um marcador de desigualdades socioeconómicas”.

“Este estudo veio ressalvar que, por um lado e como era esperado, em Portugal existiu uma melhoria nas condições de vida ao longo das últimas décadas. Por outro lado, apesar das desigualdades socioeconómicas ainda existentes, os filhos e filhas de famílias menos favorecidas, quando comparadas com os seus pais e mães, parecem ter tido um acesso mais adequado a recursos determinantes para seu o crescimento”, explica Berta Valente, primeira autora do estudo e investigadora do ISPUP.

Os resultados do estudo “Socioeconomic factors and intergenerational differences in height of Portuguese adults born in 1990: results from the EPITeen cohort” foram publicados, na terça-feira, no Journal of Biosocial Science. A investigação foi conduzida por Berta Valente (primeira autora), Elisabete Ramos e Joana Araújo, investigadoras do ISPUP.