Dedicada ao desperdício alimentar, a terceira e última reunião do Painel dos Cidadãos Europeus, uma iniciativa da Comissão Europeia (CE), decorreu entre os dias 10 e 12 de fevereiro, culminando num total de 22 medidas que procuram ajudar a população do Velho Continente a melhor gerir a sua alimentação.
O painel, que contou com 150 participantes, cinco dos quais portugueses, apresentou soluções afetas a três blocos temáticos de análise. O primeiro – “Cooperação na cadeia de valor alimentar: Do campo ao prato” – começa precisamente por se debruçar sobre a agricultura. Os cidadãos defendem uma maior proximidade com os produtores de menor escala, que deverão ser apoiados na relação que estabelecem com as grandes cadeias de distribuição e de supermercados. Também aqui, pedem-se mais apoios públicos e privados para a agricultura local, para que os stakeholders apostem em sistemas alimentares mais saudáveis.
“Partilhe, não desperdice”: Este é outro dos pedidos, onde dos cidadãos recomendam que os bancos alimentares e redistribuidores tenham níveis básicos de apoio financeiro governamental. Neste bloco, destaque ainda para a necessidade de partilha de boas práticas entre os Estados-membros, tal como uma recolha de toda essa informação por parte das estruturas da União Europeia (UE). Os cidadãos, que instam ainda à criação de painéis semelhantes ao nível local e nacional, lembram a importância de valorizar os alimentos sazonais.
O segundo bloco temático – “Iniciativas de negócios alimentares” – começa com a recomendação para que os principais distribuidores estejam diretamente conectados por um registo numa plataforma que permita a troca de alimentos prestes a expirar ou excedentes. Também os restaurantes deverão limitar o desperdício alimentar, através de um plano próprio a ser criado para o efeito, pedem os 150 participantes da iniciativa.
As organizações responsáveis pela gestão de resíduos, como escolas ou hospitais, deverão ser obrigadas a pesar, balançar e medir o desperdício orgânico. Pede-se também um sistema de relatórios para a transparência, que penalize ou recompense produtores, retalhistas, hotéis ou pequenas e médias empresas. Os cidadãos exigem o fim da destruição de produtos não vendidos, mais transparência e formas alternativas de embalar.
Finalmente, o último bloco – “Apoiar a mudança comportamental do consumidor” – aborda uma ampliação da definição de desperdício alimentar de modo a economizar alimentos que não foram colhidos, ao mesmo tempo de pede programas que aumentem o conhecimento acerca do desperdício, da nutrição e da sustentabilidade.
Famílias desperdiçam mais alimentos que a restauração, indústria e comércio juntos
Outras medidas sugeridas passam por um maior número de aplicações e plataformas que conectem os cidadãos, cooperações com retalhistas, programas escolares, promoção da consciência do impacto pessoal e valorização da promoção de produtos prestes a expirar.
Estas recomendações não terão uma influência direta, mas serão tidas em conta na definição das metas para a redução do desperdício alimentar na UE, a serem apresentadas em junho.