Excesso de peso e obesidade custam 1,2 mil milhões de euros por ano em Portugal 1721

Segundo uma pesquisa elaborada pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e pela consultora Evigrade-IQVIA, a obesidade e o excesso de peso representam um custo direto anual de 1,2 mil milhões de euros em Portugal, um valor equivalente a 0,6% da riqueza produzida no país.

“O custo direto do excesso de peso e obesidade foi estimado em cerca de 1,2 mil milhões de euros, aproximadamente 0,6% do PIB e 6% das despesas de saúde em Portugal”, indica a análise.

As doenças relacionadas com a obesidade que mais contribuem para os 1,2 mil milhões de euros de custos diretos em saúde são a diabetes, o acidente vascular cerebral, a doença cardíaca isquémica e a doença renal crónica.

“É importante realçar que o custo do tratamento destas doenças é 88 vezes superior ao custo do tratamento da obesidade per se, que ultrapassa os 13 milhões de euros anuais”, refere o estudo.

Os dados indicam também que aproximadamente dois terços da população adulta portuguesa (67,6%) apresentam excesso de peso ou obesidade, sendo que a prevalência de obesidade é de 28,7%.

“Em 2018, ocorreram 46.269 óbitos por doenças relacionadas com obesidade, o que representa 43% dos óbitos totais ocorridos em Portugal continental naquele ano”, salienta o estudo.

Tendo em conta estes números, a carga da doença foi avaliada em anos de vida ajustados pela incapacidade, que se juntam os anos de vida perdidos por morte prematura e por incapacidade. Daqui conclui-se que a “obesidade em Portugal provoca a perda de 203.002 anos de vida” ajustados pela incapacidade por ano, valor que supera o número de anos perdidos por AVC.

“Quando olhamos para a perda de mais de 200.000 anos de vida ajustados pela incapacidade, isto significa praticamente o mesmo que retirar nove dias de vida, por ano, a cada português adulto”, indica a pesquisa.

Estes números demonstram uma “verdadeira pandemia não transmissível e sublinham a urgência” de envolver ativamente a população na prevenção do excesso de peso e da obesidade e de assegurar um diagnóstico precoce e um tratamento adequado das pessoas que vivem com a doença, concluí o estudo.

A pesquisa, denominada por “O Custo e Carga do Excesso de Peso e da Obesidade em Portugal”, foi liderada por Margarida Borges, e contou com o patrocínio científico da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) e o apoio da Novo Nordisk Portugal.